Foto: Adenilson Nunes/<a href="https://www.flickr.com/photos/agecombahia/" rel="nofollow">AGECOM</a> 
 
Tive a subida honra, por convite das deputadas Ol&iacute;via Santana e Fab&iacute;ola Mansur, de participar e usar da palavra nas comemora&ccedil;&otilde;es dos 100 anos de nascimento de M&atilde;e Stella de Oxossi, na Assembleia Legislativa da Bahia. Oportunidade em que respondi, se algu&eacute;m pensasse, por que um homem branco, n&atilde;o candomblecista estava tendo lugar de fala? Disse que M&atilde;e Stella n&atilde;o era s&oacute; do candombl&eacute;, ela havia vazado todas as raias de sua religi&atilde;o e se tornado refer&ecirc;ncia para o mundo, de resist&ecirc;ncia e coragem. Sacerdotisa de respeito. Foi provocadora da cultura baiana, sendo a primeira mulher de santo, Yalorix&aacute;, a ser reconhecida com assento na Academia de Letras da Bahia, bem como ter recebido o t&iacute;tulo de Doutor Honoris Causa (o t&iacute;tulo &eacute; de Doutor mesmo), da Universidade Federal da Bahia.&nbsp;

Naquela oportunidade, tamb&eacute;m verbalizei que a sacerdotisa, em encontro singelo e de relev&acirc;ncia espiritual no Gantois, me sugeriu que fizesse ecoar a posi&ccedil;&atilde;o dela contra o sincretismo, que foi folclorizado e que n&atilde;o mais era necess&aacute;rio continuar.

Sincretismo &eacute; um conceito utilizado pela cultura, em geral, mas notadamente nas religi&otilde;es de matriz africana, em especial no candombl&eacute;, como forma de driblar imposi&ccedil;&otilde;es culturais e religiosas, durante a coloniza&ccedil;&atilde;o. No candombl&eacute;, os orix&aacute;s africanos foram sincretizados como santos cat&oacute;licos. Esse processo opressor est&aacute; a destempo, como frisou a ilustrada m&atilde;e de Santo. N&atilde;o faz mais sentido algum essa oculta&ccedil;&atilde;o das divindades do candombl&eacute;, com os seus nomes e formas, porque foi isto que de fato aconteceu, haja vista que at&eacute; hoje h&aacute; esta associa&ccedil;&atilde;o.

O candombl&eacute; teve em m&atilde;e Stella o realce intelectual, cultural que esta religi&atilde;o merece, por toda a sua hist&oacute;ria e contribui&ccedil;&atilde;o para a cultura, para a forma&ccedil;&atilde;o do povo brasileiro, em especial para a Bahia. Mesmo at&eacute; hoje sendo satanizado, vilipendiado o candombl&eacute; &eacute; sim ancestralidade, n&atilde;o apenas para os negros do Brasil, mas para todo um povo. Alguns torcem a boca, mudam letras de m&uacute;sica, mas n&oacute;s, os brasileiros, guardamos a marca do dend&ecirc; e que n&atilde;o sai com alvejante de natureza alguma. M&atilde;e Stella era de Oxossi, mas a sua vida foi e sempre ser&aacute; de um legado de lutas e conquistas para todos n&oacute;s.&nbsp;

&nbsp;

&nbsp;

Cr&eacute;dito/Foto: Marcelo Camargo/Ag&ecirc;ncia Brasil

&Eacute; sabido, teoricamente, que o brasileiro tem uma certa pregui&ccedil;a para leitura, por&eacute;m fica tudo meio que em uma n&eacute;voa de achismo. Infelizmente, &eacute; verdade. Esta semana eu postei em meu Instagram um carrossel de fotos, que tentava fazer liga&ccedil;&atilde;o dos tais reborn a a&ccedil;&otilde;es espirituais. Argumentos de como se esses bonecos pudessem carrear a interfer&ecirc;ncia, at&eacute; habitabilidade de esp&iacute;ritos. As fotos n&atilde;o eram minhas, n&atilde;o senti no direito de p&ocirc;r qualquer legenda sobre as postagens, por&eacute;m fui muito claro na minha legenda, no descritivo de que aquilo tudo era inverdade, que esses reborn s&oacute; s&atilde;o boneco de silicone, objetos; que a &uacute;nica energia ali presente era dos que os manuseavam.

Comparei, de outro modo, a sapatos e argolas que t&ecirc;em tamb&eacute;m a energia moment&acirc;nea de seus possuidores, mas, que, ao serem passados adiante, perderiam esta &ldquo;aura&rdquo; e teriam a dos novos possuidores. Parece mentira, mas as pessoas n&atilde;o leram a minha legenda e come&ccedil;aram a estranhar exatamente o que eu mencionava como mentira. N&atilde;o leram coisa alguma.

Vi ali que de fato est&aacute; absolutamente correta a 6&ordf; edi&ccedil;&atilde;o da pesquisa &quot;Retratos da Leitura no Brasil&quot;, do Instituto Pr&oacute;-Livro, feita no final do ano passado. Essa pesquisa revela uma queda significativa no n&uacute;mero de leitores no pa&iacute;s, com uma perda de quase sete milh&otilde;es nos &uacute;ltimos quatro anos. Durante esse per&iacute;odo, os brasileiros abandonaram o h&aacute;bito da leitura. A coordenadora da pesquisa, Zoara Failla, explica os fatores que contribu&iacute;ram para essa queda, dentre alguns outros h&aacute; destaque para o interesse central em volta de usar seu tempo livre para outras tarefas como assistir televis&atilde;o, usar a internet, ver as redes sociais, enviar mensagens no Whatsapp, escutar m&uacute;sica e assistir a filmes.&nbsp;

Alguns analistas dessa mesma pesquisa afirmam, lamentavelmente, que muitos acham que &ldquo;...a leitura demanda um esfor&ccedil;o, uma concentra&ccedil;&atilde;o, uma dedica&ccedil;&atilde;o, que muitas vezes n&oacute;s n&atilde;o temos. Ent&atilde;o esse esp&iacute;rito de rapidez, de agilidade, que as m&iacute;dias nos colocam &eacute; o buscado. Essa rapidez nos impede de termos um tempo de matura&ccedil;&atilde;o, onde possamos pensar, refletir sobre o assunto&rdquo;. O pior que &eacute; absolutamente verdadeiro todo o levantamento dessa pesquisa, eu pr&oacute;prio comentei com tr&ecirc;s amigos meus, &agrave; guisa de me situar, quais os livros que eles estavam lendo atualmente, nenhum dos tr&ecirc;s estava com leitura atual, sendo pessoas esclarecidas, no sentido de escolaridade superior.&nbsp;

Precisei apagar o post anterior e colocar na primeira foto da nova postagem a afirmativa de que tudo aquilo ali dito n&atilde;o era verdadeiro, chamando a aten&ccedil;&atilde;o para o que escrevi na legenda. A pesquisa, tristemente, estava tamb&eacute;m certa quando afirma, mostra que a prefer&ecirc;ncia da popula&ccedil;&atilde;o &eacute; por m&iacute;dias nas quais menos esfor&ccedil;o seja necess&aacute;rio. Por favor...

<a href="https://www.purepeople.com.br/noticia/gracyanne-barbosa-tem-filhos-o-que-e-bebe-reborn-ex-bbb-adota-boneco-revela-desejo-de-ser-mae-e-irma-giovanna-tem-reacao-surpreendente-veja_a406732/1" style="color:#467886; text-decoration:underline">Os tais beb&ecirc;s reborns (bonecos de silicone ou vinil que t&ecirc;m&nbsp; impressionante semelhan&ccedil;a a beb&ecirc;s humanos) conquistam cada vez mais famosos</a> e <a href="https://www.purepeople.com.br/noticia/e-verdade-que-estao-adotando-bebe-reborn-xuxa-gracyanne-barbosa-padre-fabio-de-melo-e-outros-famosos-sao-pais-dos-bonecos-veja-lista_a406736/1" style="color:#467886; text-decoration:underline">j&aacute; foram adotados por Jojo Todynho, Xuxa e Luciana Gimenez</a>. A apresentadora da RedeTV, inclusive, esta semana, exibiu um &quot;parto&quot; da boneca em seu programa na emissora. Verdade! Eu vi. Com isso, passou-se a discutir a forma como a web aborda temas como luto, sa&uacute;de mental e maternidade. Alguns t&ecirc;m afirmado que s&atilde;o objetos terap&ecirc;uticos, para supera&ccedil;&atilde;o de traumas, frustra&ccedil;&otilde;es ou situa&ccedil;&otilde;es que se valham. N&atilde;o percebo assim. Penso que &eacute; a extens&atilde;o desses problemas, n&atilde;o a resolu&ccedil;&atilde;o. Por isso, deve haver cautela em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; forma como tais experi&ecirc;ncias com a boneca ganham as redes sociais. &quot;O que vemos &eacute; uma tend&ecirc;ncia crescente de transformar <a href="https://www.purepeople.com.br/noticia/psicanalista-faz-alerta-a-febre-dos-bebes-reborn-de-partos-encenados-a-adocao-por-padre-fabio-de-melo-fenomeno-dos-bonecos-viraliza-e-psicanalista-analisa-os-impactos-desse-comportamento_a406295/1" style="color:#467886; text-decoration:underline">processos humanos profundos, como o luto, o amor ou o nascimento, em conte&uacute;dos r&aacute;pidos</a>, higienizados e perform&aacute;ticos&quot;, apontam estudiosos em neuroci&ecirc;ncia do comportamento. 

Estamos em uma preocupante zona de fronteira entre fantasia e realidade. Vemos pessoas ultrapassando o limite da selfie mentirosa de felicidade, para criar, na realidade, um devaneio que me parece mentalmente problem&aacute;tico. N&atilde;o se trata de brincar de boneca, mas de se adotar uma como gente. Editamo-nos nas redes sociais o que somos, mas agora estamos criando um viver que n&atilde;o temos, realmente. &Eacute; muito mais do que apenas confundir fantasia com realidade, estamos entabulando rela&ccedil;&atilde;o, la&ccedil;os de amor, de afetividade com bonecos de beb&ecirc;. 

Publicar v&iacute;deos de partos de beb&ecirc;s reborn, trocar fraldas, amamentar, dar nomes, cuidar, ter certid&atilde;o de nascimento, levar para passear, fazer encontros entre &ldquo;pais&rdquo;, geralmente s&atilde;o &ldquo;m&atilde;es&rdquo;, &eacute; de uma bizarrice, que a mim, honestamente, chega a ser meio macabro. A sociedade se deteriora em suas rela&ccedil;&otilde;es, fazendo compras, exagerando em alguma coisa, para compensar o que falta. &Eacute; um buraco que em algum momento se abriu na alma dessas pessoas e n&atilde;o fechou. Fantasias com bonecos inertes, sem vida: a tentativa de satisfa&ccedil;&atilde;o de grandes faltas ou culpas. 

Naturalmente, n&atilde;o falo daqueles(as) que adquirem como colecionadores, ou mesmo pela precis&atilde;o das formas. N&atilde;o. Falo daqueles, em especial, que vivem na sua vida essa &ldquo;realidade&rdquo; falsa, constru&iacute;da. Alguns especialistas, todavia, afirmam que o uso &eacute; saud&aacute;vel quando h&aacute; consci&ecirc;ncia simb&oacute;lica, a pessoa sabe que o boneco &eacute; um recurso afetivo, l&uacute;dico ou terap&ecirc;utico, e que o sinal de alerta aparece quando h&aacute; ruptura com a realidade. Mas qual ser&aacute; esse sinal? &nbsp;Que mundo estramb&oacute;lico &eacute; este que estamos vendo passar &agrave; nossa frente, onde h&aacute; ruptura do bom senso sobre muitos aspectos? Eu, hein....

<a href="https://www.purepeople.com.br/noticia/gracyanne-barbosa-tem-filhos-o-que-e-bebe-reborn-ex-bbb-adota-boneco-revela-desejo-de-ser-mae-e-irma-giovanna-tem-reacao-surpreendente-veja_a406732/1" style="color:#467886; text-decoration:underline">Os tais beb&ecirc;s reborns (bonecos de silicone ou vinil que t&ecirc;m&nbsp; impressionante semelhan&ccedil;a a beb&ecirc;s humanos) conquistam cada vez mais famosos</a> e <a href="https://www.purepeople.com.br/noticia/e-verdade-que-estao-adotando-bebe-reborn-xuxa-gracyanne-barbosa-padre-fabio-de-melo-e-outros-famosos-sao-pais-dos-bonecos-veja-lista_a406736/1" style="color:#467886; text-decoration:underline">j&aacute; foram adotados por Jojo Todynho, Xuxa e Luciana Gimenez</a>. A apresentadora da RedeTV, inclusive, esta semana, exibiu um &quot;parto&quot; da boneca em seu programa na emissora. Verdade! Eu vi. Com isso, passou-se a discutir a forma como a web aborda temas como luto, sa&uacute;de mental e maternidade. Alguns t&ecirc;m afirmado que s&atilde;o objetos terap&ecirc;uticos, para supera&ccedil;&atilde;o de traumas, frustra&ccedil;&otilde;es ou situa&ccedil;&otilde;es que se valham. N&atilde;o percebo assim. Penso que &eacute; a extens&atilde;o desses problemas, n&atilde;o a resolu&ccedil;&atilde;o. Por isso, deve haver cautela em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; forma como tais experi&ecirc;ncias com a boneca ganham as redes sociais. &quot;O que vemos &eacute; uma tend&ecirc;ncia crescente de transformar <a href="https://www.purepeople.com.br/noticia/psicanalista-faz-alerta-a-febre-dos-bebes-reborn-de-partos-encenados-a-adocao-por-padre-fabio-de-melo-fenomeno-dos-bonecos-viraliza-e-psicanalista-analisa-os-impactos-desse-comportamento_a406295/1" style="color:#467886; text-decoration:underline">processos humanos profundos, como o luto, o amor ou o nascimento, em conte&uacute;dos r&aacute;pidos</a>, higienizados e perform&aacute;ticos&quot;, apontam estudiosos em neuroci&ecirc;ncia do comportamento. 

Estamos em uma preocupante zona de fronteira entre fantasia e realidade. Vemos pessoas ultrapassando o limite da selfie mentirosa de felicidade, para criar, na realidade, um devaneio que me parece mentalmente problem&aacute;tico. N&atilde;o se trata de brincar de boneca, mas de se adotar uma como gente. Editamo-nos nas redes sociais o que somos, mas agora estamos criando um viver que n&atilde;o temos, realmente. &Eacute; muito mais do que apenas confundir fantasia com realidade, estamos entabulando rela&ccedil;&atilde;o, la&ccedil;os de amor, de afetividade com bonecos de beb&ecirc;. 

Publicar v&iacute;deos de partos de beb&ecirc;s reborn, trocar fraldas, amamentar, dar nomes, cuidar, ter certid&atilde;o de nascimento, levar para passear, fazer encontros entre &ldquo;pais&rdquo;, geralmente s&atilde;o &ldquo;m&atilde;es&rdquo;, &eacute; de uma bizarrice, que a mim, honestamente, chega a ser meio macabro. A sociedade se deteriora em suas rela&ccedil;&otilde;es, fazendo compras, exagerando em alguma coisa, para compensar o que falta. &Eacute; um buraco que em algum momento se abriu na alma dessas pessoas e n&atilde;o fechou. Fantasias com bonecos inertes, sem vida: a tentativa de satisfa&ccedil;&atilde;o de grandes faltas ou culpas. 

Naturalmente, n&atilde;o falo daqueles(as) que adquirem como colecionadores, ou mesmo pela precis&atilde;o das formas. N&atilde;o. Falo daqueles, em especial, que vivem na sua vida essa &ldquo;realidade&rdquo; falsa, constru&iacute;da. Alguns especialistas, todavia, afirmam que o uso &eacute; saud&aacute;vel quando h&aacute; consci&ecirc;ncia simb&oacute;lica, a pessoa sabe que o boneco &eacute; um recurso afetivo, l&uacute;dico ou terap&ecirc;utico, e que o sinal de alerta aparece quando h&aacute; ruptura com a realidade. Mas qual ser&aacute; esse sinal? &nbsp;Que mundo estramb&oacute;lico &eacute; este que estamos vendo passar &agrave; nossa frente, onde h&aacute; ruptura do bom senso sobre muitos aspectos? Eu, hein....

&nbsp;

A Pol&iacute;cia Civil do Rio divulgou opera&ccedil;&atilde;o que planejava atentado terrorista em show de Lady Gaga na praia de Copacabana. A informa&ccedil;&atilde;o foi baseada em um relat&oacute;rio t&eacute;cnico produzido pelo Laborat&oacute;rio de Opera&ccedil;&otilde;es Cibern&eacute;ticas (Ciberlab), do Minist&eacute;rio da Justi&ccedil;a, que havia recebido um alerta da Intelig&ecirc;ncia da Pol&iacute;cia Civil do Rio de Janeiro sobre a atua&ccedil;&atilde;o de grupos de &oacute;dio no show da Lady Gaga. O alvo, naturalmente, pelo perfil dos f&atilde;s da famosa cantora, era o grupo LGBTQIA+. A opera&ccedil;&atilde;o identificou pessoas que estavam recrutando participantes, inclusive adolescentes, para realizar ataques durante o show com explosivos caseiros. Um adolescente tamb&eacute;m foi apreendido. Todavia, um dos suspeitos de participar no plano j&aacute; foi solto, mediante pagamento de fian&ccedil;a, certamente por conta de alguma brecha legal, mas j&aacute; voltou a ser preso preventivamente.

O certo &eacute;, segundo o Grupo Gay da Bahia, que o Brasil &nbsp;segue como l&iacute;der &nbsp;de crimes homof&oacute;bicos &nbsp;entre as na&ccedil;&otilde;es que realizam estudos sobre o tema. Os dados relativos a 2024 representam um &oacute;bito violento a cada 30 horas. A maioria das mortes violentas de LGBTQIA+ em 2024 foi classificada como homic&iacute;dio (239 casos), seguida por latroc&iacute;nio (30 casos), suic&iacute;dio (18 casos) e outras causas (4). &nbsp;&nbsp; &nbsp;O combate a esse &oacute;dio precisa ser exemplar, como forma de inibir poss&iacute;veis est&iacute;mulos que s&atilde;o gerados pelas redes sociais, pois j&aacute; se foi o tempo em que pod&iacute;amos acreditar que o nosso Pa&iacute;s &eacute; de pessoas generosas, fraternais...hoje vemos o &oacute;dio circulando de forma muito triste e de diversas formas. &Eacute; preciso, por outro lado, que o homof&oacute;bico entenda que h&aacute; in&uacute;meros estudos indicando que certas pessoas podem, inconscientemente, sentir atra&ccedil;&atilde;o por pessoas do mesmo sexo e, por n&atilde;o aceitarem esses sentimentos, os projetam de forma agressiva nos outros, como mecanismo de defesa chamado proje&ccedil;&atilde;o. As causas, no entanto, s&atilde;o diversas desde a educa&ccedil;&atilde;o, influ&ecirc;ncias culturais, necessidade de aderir as normas sociais do momento, passando pelos discursos religiosos at&eacute; chegar a uma rigidez cognitiva, que se enrijece a concep&ccedil;&otilde;es sem qualquer inflex&atilde;o de conceito, calcada naideia de que a heterossexualidade &eacute; o padr&atilde;o de normalidade, na qual &nbsp;se espera que todos sejam heterossexuais e, portanto, a exist&ecirc;ncia de outros tipos de sexualidade &eacute; discriminadacomo anormais, inferiores e patol&oacute;gicas. Isso se reflete por meio de agress&otilde;es f&iacute;sicas e psicol&oacute;gicas praticadas por pessoas em car&aacute;ter particular ou institucional. A homofobia pode, ent&atilde;o, ser uma esp&eacute;cie de patologia que n&atilde;o s&oacute; mere&ccedil;a a criminaliza&ccedil;&atilde;o efetiva, mas tratamento tamb&eacute;m. Ou seja, que se puna rigidamente o criminoso e que ele se conscientize que &eacute; doente.&nbsp;

Humanista de ess&ecirc;ncia filos&oacute;fica, o papa Francisco foi chamado de comunista, naturalmente porque as pessoas, em geral, n&atilde;o leem e n&atilde;o sabem conceituar escolas, posicionamentos filos&oacute;ficos, teol&oacute;gicos ou mesmo pol&iacute;ticos ideol&oacute;gicos. O fato &eacute; que Francisco, durante seu pontificado, enfatizou a import&acirc;ncia de uma Igreja voltada para os pobres e exclu&iacute;dos, promovendo a&ccedil;&otilde;es de caridade e inclus&atilde;o social. N&atilde;o sou cat&oacute;lico, mas tamb&eacute;m sou humanista, no alcance das minhas possibilidades, e, sem d&uacute;vida, o Papa Francisco &eacute; uma refer&ecirc;ncia e inspira&ccedil;&atilde;o para todos que buscam entender a ess&ecirc;ncia verdadeira do cristianismo. N&atilde;o esse arremedo ora bizarro, outra rid&iacute;cula que estamos vendo por a&iacute;. Francisco, como &uacute;ltimo ato de sua vida, ainda que j&aacute; morto, fez a escolha por uma despedida que inclu&iacute;sse a participa&ccedil;&atilde;o dos mais necessitados, em refor&ccedil;ar essa mensagem de solidariedade e compaix&atilde;o. Um grupo de cerca de 40 imigrantes, prisioneiros, pessoas trans e moradores de rua, carregando rosas brancas, esperou em sil&ecirc;ncio a chegada dos restos mortais do pont&iacute;fice nos degraus que levam &agrave; bas&iacute;lica romana. Algu&eacute;m disse como grande propriedade: os exclu&iacute;dos da sociedade sempre estiveram no centro do pontificado do papa Francisco e foram os &uacute;ltimos a se despedir dele no que a partir de hoje ser&aacute; seu local de descanso final, a Bas&iacute;lica de Santa Maria Maior, em Roma.

Os exclu&iacute;dos das posi&ccedil;&otilde;es de destaque, envergadas pelos poderosos da Terra, n&atilde;o formaram a verdadeira guarda de honra ao pont&iacute;fice, mas sim os que ocuparam um lugar de destaque no cora&ccedil;&atilde;o de Francisco. Ou seja, at&eacute; depois da morte o Papa se lembrou deles.&nbsp;

Durante a ditadura militar argentina (1976-1983), Jorge Mario Bergoglio, ent&atilde;o l&iacute;der dos jesu&iacute;tas no pa&iacute;s, desempenhou um papel complexo e arriscado &ndash; e salvou vidas. Ele utilizou sua posi&ccedil;&atilde;o para proteger perseguidos pol&iacute;ticos, oferecendo abrigo no Col&eacute;gio M&aacute;ximo de San Miguel, onde muitos encontraram ref&uacute;gio seguro. Al&eacute;m disso, claro, Bergoglio pessoalmente transportava pessoas em risco, escondendo-as em seu carro para atravessar postos de controle militar, para garantir sua seguran&ccedil;a, fugindo assim das for&ccedil;as da repress&atilde;o aos que se opunham ao regime militar. Em um discurso memor&aacute;vel na favela da Varginha, localizada no conjunto de favelas de Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro, ele criticou duramente as desigualdades sociais, exaltando a luta por justi&ccedil;a social, reafirmando seu compromisso com os mais pobres e marginalizados. Que o pr&oacute;ximo Papa venha sob os mesmos ausp&iacute;cios. 
&nbsp;

Desde o momento em que o &ldquo;habemos Papa&rdquo; ecoou no mundo com a elei&ccedil;&atilde;o de Mario Bergoglio para o seu pontificado, fui pesquisar sobre a vida do argentino. Fiquei impressionado com o seu devotamento &agrave;s causas sociais. De logo, pensei: ser&aacute; perseguido, atacado &ndash; um papa humanista. Deveriam ser conectadas, sem questionamentos, as duas proposituras, claro. Como conceber um crist&atilde;o, e mais, o representante de bilh&otilde;es de fieis de uma religi&atilde;o que tem a base na doutrina de Jesus, n&atilde;o humanista? Pois &eacute;, estamos vendo isso nesses dias estranhos, deste s&eacute;culo XXI. Jamais vou esquecer, quando uma amiga, diante de duas igrejas cat&oacute;licas queimadas no Chile por extremistas de esquerda, questionou o papa &ldquo;Comunista&rdquo;, nas palavras dela. Redargui, afirmando que o momento era outro e que o Papa Francisco veio para estabelecer princ&iacute;pios crist&atilde;os efetivos em sua religi&atilde;o, e n&atilde;o apenas ser recitador de passagens b&iacute;blicas decoradas. Precis&aacute;vamos v&ecirc;-lo sem preconceito. Ela reafirmou que ele era um comunista...e soltou um palavr&atilde;o. Ainda assim falei do filho dela, cheio de tatuagens, e que antigamente havia o preconceito &ndash; ainda h&aacute; e muito &ndash; afirmando que todo tatuado era tido como bandido, e que sab&iacute;amos que o filho dela n&atilde;o era. Deixaram de ir &agrave; Cidade da Luz. Aprendi com minha m&atilde;e que n&atilde;o se perde o que nunca ganhou.&nbsp;

Francisco, mesmo sofrendo tra&ccedil;&otilde;es dos da ala conservadora e retr&oacute;grada da igreja, empreendeu o seu humanismo. Deixou espumando os enraivecidos por ideologias estranhas, que mesmo se dizendo crist&atilde;os, n&atilde;o est&atilde;o alinhados &agrave;s propostas de Cristo, em especial a contida em Mateus 25:40 &ndash; d&ecirc; uma checada, para relembrar o pedido do Senhor Jesus. Francisco, cujo o nome papal foi sugerido por um brasileiro, fez o seu trabalho, mesmo com milhares, aqui no Brasil mesmo, desejando a sua morte, com palavras que surpreendiam o pr&oacute;prio L&uacute;cifer. Ele marcou a Igreja Cat&oacute;lica, a mim especialmente com a sua simplicidade, acessibilidade e aquela hist&oacute;rica caminhada solit&aacute;ria na pra&ccedil;a do Vaticano, na &eacute;poca da pandemia.&nbsp; 
 
&Eacute; poss&iacute;vel que ele tenha encaminhado &agrave; sua sucess&atilde;o. Eles fazem isso, o papado &eacute; pol&iacute;tica tamb&eacute;m, o que n&atilde;o &eacute;? Espero, no entanto, que o seu sucessor, a bem da religi&atilde;o cat&oacute;lica e dos seus seguidores, e tamb&eacute;m, claro, para o mundo, seja um religioso alinhado aos princ&iacute;pios crist&atilde;os. Parece redund&acirc;ncia essa associa&ccedil;&atilde;o, por si s&oacute; deveria ser &oacute;bvio, mas infelizmente n&atilde;o est&aacute; sendo. O certo &eacute; que nada melhor que uma consci&ecirc;ncia tranquila, pelo dever cumprido e sem d&uacute;vida, Mario Begoglio deve agora estar sentido esta paz. &nbsp; 
&nbsp;

A professora, doutora &Acirc;ngela Caniato, que se notabilizou em sua vida acad&ecirc;mica por s&eacute;rias pesquisas com ex-presos pol&iacute;ticos torturados pela ditadura militar de 1964, sempre confrontou a mentira, fazendo com que perceb&ecirc;ssemos como ela se infiltra, passando por verdade, para ser normalizada e aceita pela sociedade. O poder de infiltra&ccedil;&atilde;o da mentira no &acirc;mago da vida dos indiv&iacute;duos e em suas rela&ccedil;&otilde;es em sociedade, quando transformada em justificativa socialmente aceita, d&aacute; a permiss&atilde;o que um lese o outro sem culpa, afirmava. Ou seja, minta para prejudicar, mas n&atilde;o guarde a culpa, pois foi justificada. H&aacute; um quase consenso, aceita&ccedil;&atilde;o e mesmo uma cumplicidade difusa na arte de dizer mentiras, quando satisfaz a grupos, sistemas, ideologias. Torna-se, sem que as pessoas se deem conta, uma viol&ecirc;ncia simbolizada, onde a express&atilde;o &ldquo;os fins justificam os meios&rdquo;, vira estrofe de ca&ccedil;&atilde;o de ninar. &nbsp;

A professora Caniato, desassombradamente afirma, ainda, que a fraude se disseminou como uma esp&eacute;cie de norma social, a dissimula&ccedil;&atilde;o, o enganar, o ser impostor passam a ser condi&ccedil;&atilde;o &ldquo;necess&aacute;ria&rdquo; para se conquistar benef&iacute;cios de toda natureza, at&eacute; mesmo religiosos, com pregadores mistificadores. N&atilde;o h&aacute; mais a busca por diferenciar a mentira da verdade, mas, sim, o que interessa no momento &agrave; pessoa, ou ao seu grupo. &nbsp;

Todavia, h&aacute; quest&otilde;es que n&atilde;o podemos transigir e precisamos, como h&aacute; muito os mais velhos dizem: &eacute; preciso colocar os pingos nos is. Dessa forma, &eacute; que penso ser lastim&aacute;vel, quando um jovem pol&iacute;tico, bem versado na orat&oacute;ria e nas redes sociais, faz compara&ccedil;&atilde;o com um s&iacute;mbolo da luta pela resist&ecirc;ncia negra, ao racismo estadunidense, Rosa Parkers, com a senhora D&eacute;bora, conhecida como D&eacute;bora do Baton &ndash; inclusive j&aacute; se fala em ela ser candidata &agrave; deputada federal &ndash; voltando: chega ser acintosamente desqualificada a tentativa de compara&ccedil;&atilde;o de uma mulher que enfrentou um sistema racista, com uma que se juntou a uma turba para derrubar a democracia, cuja frase escrita com o tal batom traduzia a ideia que se tinha do seu tento. Tudo passa a ser aceito, repetido, sem qualquer ju&iacute;zo, nem hierarquia de valor, pois o que vale para muitos, hoje em dia, talvez a maioria, &eacute; a preval&ecirc;ncia daquilo que penso em passar, para refor&ccedil;ar o que defendo, pois importante &eacute; exatamente o que penso e quero.&nbsp;

A ver que estamos testemunhando nesses dias, e ainda com o desenvolvimento da intelig&ecirc;ncia artificial, chegar&aacute; o tempo onde n&atilde;o distinguiremos verdade de mentira, mas de forma a n&atilde;o ter sequer uma r&eacute;stia da d&uacute;vida do que se nos apresentar&aacute;.&nbsp;

Confira coluna completa de Jos&eacute; Medrado clicando <a href="https://www.faroldabahia.com.br/coluna/exclusao-por-todos-os-lados">aqui</a>.

&Eacute; impressionante quando vemos pela internet pessoas serem atacadas de forma t&atilde;o violentas, amea&ccedil;adas de morte, que ficamos com a impress&atilde;o de ser algo ligado a algum filme de terror, ou ent&atilde;o de relatos dos s&eacute;culos XV, XVI... mas n&atilde;o, &eacute; s&eacute;culo XXI e falo da inquisi&ccedil;&atilde;o da internet. Em 1996 um filme ficou muito conhecido, As bruxas de Sal&eacute;m, baseado em fatos reais acontecidos entre 1692 e 1693, em Salem, Massachusetts, nos Estados Unidos. Na &eacute;poca, mais de duzentas pessoas foram acusadas de praticar bruxaria, sendo trinta consideradas culpadas e dezenove executadas por enforcamento. Naturalmente, tudo inventado por adolescentes que queriam se vingar de pessoas, geralmente mulheres, que elas tinham alguma desaven&ccedil;a. Foi uma situa&ccedil;&atilde;o dentro do contexto da Inquisi&ccedil;&atilde;o cat&oacute;lica, que foi caracterizada pela persegui&ccedil;&atilde;o e tortura daqueles que desafiavam a narrativa oficial ou questionavam as cren&ccedil;as estabelecidas. Note: aqueles que desafiavam a narrativa oficial, quem contrariasse o que um grupo ou algu&eacute;m de relev&acirc;ncia e prest&iacute;gio clerical falasse como verdade. Pronto. Nada ao contr&aacute;rio seria tolerado. &Eacute; ou n&atilde;o &eacute; o que vemos hoje em dia pelas redes sociais? Pessoas s&atilde;o torturadas emocionalmente por discordarem ou forem de encontro a qualquer coisa em que um grupo elegeu como o certo, o verdadeiro. Sem falar que mortes j&aacute; ocorreram, lembram daquela mulher que foi confundida com uma sequestradora de crian&ccedil;as, cujo caso de fake news, um boato tomou propor&ccedil;&otilde;es de assassinato de uma dona de casa no Guaruj&aacute;, em 2014, que serviu de inspira&ccedil;&atilde;o para uma novela da Globo, Travessia? Pois &eacute;, como diria minha m&atilde;e: quem perdeu a vida foi quem morreu.&nbsp;

O que se percebe, na maioria dos casos, &eacute; uma orquestra&ccedil;&atilde;o de grupos criminosos, que usam a internet como instrumento de intimida&ccedil;&atilde;o, de press&atilde;o e claro, dissemina&ccedil;&atilde;o de mentiras, ou de fal&aacute;cias, sempre com o objetivo de desqualificar, atentar contra reputa&ccedil;&otilde;es, vidas...e a&iacute; n&atilde;o importa a quem atingir, pois se exp&otilde;e crian&ccedil;as, idosos o que for necess&aacute;rio para a satisfa&ccedil;&atilde;o da sanha de constru&ccedil;&atilde;o de uma &ldquo;verdade&rdquo; que atenda a interesses pessoais ou de grupos. Fala-se em liberdade de express&atilde;o, mas o interesse de quem ardorosamente defende a n&atilde;o regula&ccedil;&atilde;o das redes, &eacute; a possibilidade de continuar cometendo crimes e ficar na impunidade.&nbsp;

A mim n&atilde;o interessa o direito de mentir, de falsear a verdade. A voc&ecirc; interessa? A quem interessa? Penso que &eacute; s&oacute; buscar a fonte do interesse e a&iacute; se encontram os reais motivos. Essas pessoas atacadas, vilipendiadas que todos os dias vemos pelas redes sociais, independentemente de quem sejam, s&atilde;o, em verdade, as bruxas de Sal&eacute;m. 
&nbsp;

Volto aqui &agrave; quest&atilde;o de verdadeira promiscuidade que assola a viv&ecirc;ncia religiosa, de um modo geral, &nbsp;no Brasil, em enredo sinistro entre religi&atilde;o e pol&iacute;tica. N&atilde;o se trata, de forma alguma, de implic&acirc;ncia de um crente (sou crente nas verdades cr&iacute;ticas, &agrave; luz do Espiritismo) em rela&ccedil;&atilde;o a prega&ccedil;&otilde;es e ou defesas ideol&oacute;gicas. N&atilde;o. No entanto, sou observador dessa cena h&aacute; 49 anos, sendo 47 &agrave; frente de uma institui&ccedil;&atilde;o religiosa, e a desnudo de todos &nbsp;vemos um forte vilip&ecirc;ndio ao entendimento dos Evangelhos de Jesus. Recentemente, chegou-me ao conhecimento um site supostamente esp&iacute;rita, onde uma mensagem atribu&iacute;da a um esp&iacute;rito superior, relatava um fim tr&aacute;gico para dois ministros do Supremo Tribunal Federal. Em tom messi&acirc;nico (bem ao estilo de quem quer construir uma imagem de paz) o locutor cita os nomes e vaticina um destino sombrio para ambos, bem como ovaciona um ex-presidente, como se fosse um ungido pelo Alto. Absurdo, um m&iacute;nimo de conhecimento doutrin&aacute;rio evidencia a farsa. Esp&iacute;rito superior n&atilde;o profetiza nada. De forma semelhante, vi um v&iacute;deo de um frei cat&oacute;lico satanizando o Espiritismo de tal monta, que n&atilde;o deixa d&uacute;vida, por quanto dito claramente, que o diabo conduz a doutrina de Allan Kardec. O cl&eacute;rigo tamb&eacute;m ataca a Umbanda. Tudo muito criminoso e sem manifesta&ccedil;&atilde;o da Procuradoria-Geral da Rep&uacute;blica.&nbsp;

N&atilde;o para a&iacute;, no ano passado um v&iacute;deo que circulou pelo Facebook, um pastor de uma famosa igreja evang&eacute;lica de Minas Gerais, aparece pregando em Belo Horizonte. Logo no come&ccedil;o diz: &ldquo;S&oacute; vai ter marcha das vadias se voc&ecirc; quiser. S&oacute; vai ter boate gay, parada gay... parada dos maconheiros, se voc&ecirc; quiser. Outro dia, em Belo Horizonte, falaram comigo: &lsquo;... vai ter a festa do Preto Velho&rsquo;. Eu falei, &lsquo;ningu&eacute;m me pediu. N&atilde;o aceito. N&atilde;o vai ter&rsquo;&rdquo;. Ent&atilde;o ele explicou como estragar a festa alheia: &ldquo;Cheguei l&aacute; no meu grupo de jovens, chamei 20 jovens, falei &lsquo;vamos dar um B.O. na festa do capeta?&rsquo;&rdquo;. &nbsp; Cheguei e falei &lsquo;preciso de 20 malucos para dar uma busca e apreens&atilde;o no Preto Velho.&rsquo;&rdquo; O pastor diz que os meninos a meninos aceitaram na hora. E passa a gritar com a multid&atilde;o que ouvia sua prega&ccedil;&atilde;o: &ldquo;Fica velho, mas n&atilde;o fica idiota. Faz faculdade, mas n&atilde;o vira um retardado mental. N&atilde;o perde o sangue nos olhos. N&atilde;o ... N&atilde;o &eacute; porque agora est&aacute; vestindo uma roupinha engomadinha que n&atilde;o pode dar uma busca e apreens&atilde;o no capeta&rdquo;. E assim a intoler&acirc;ncia religiosa caminha. Fica f&aacute;cil qualquer um saber quem e onde isso aconteceu, como dizem os jovens: basta dar um Google. Esses senhores alegam liberdade de express&atilde;o, at&eacute; persegui&ccedil;&atilde;o a eles, mas convenhamos - crime &eacute; crime, ent&atilde;o mudem o C&oacute;digo Penal.&nbsp;

Sim, est&aacute; havendo uma escalada desse crime e nada tem sido feito, inclusive porque s&atilde;o pessoas que acumulam milh&otilde;es de seguidores, geralmente fan&aacute;ticos, que, em nome de Cristo, atacam sem d&oacute; nem piedade. Pe&ccedil;o, mas nunca me mostraram onde, em qualquer dos Evangelhos, no Novo Testamento, h&aacute; um Jesus atacando a f&eacute; de quem quer que seja, mas, isto sim, Ele d&aacute; boas li&ccedil;&otilde;es na par&aacute;bola do Bom Samaritano, bem como em conceituar os sacerdotes do Seu tempo.&nbsp; 
&nbsp;

O que vem acontecendo com o Brasil?&nbsp;O Minist&eacute;rio P&uacute;blico Federal (MPF), do&nbsp;Par&aacute;,&nbsp;requisitou&nbsp;que a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Bel&eacute;m se manifeste sobre a exclus&atilde;o de blocos afros e afox&eacute;s da programa&ccedil;&atilde;o oficial do carnaval da capital paraense neste ano.&nbsp;De acordo com&nbsp;as&nbsp;organiza&ccedil;&otilde;es da comunidade afro-brasileira no Par&aacute;, que apresentaram uma den&uacute;ncia formal ao MPF, a&nbsp;medida configura racismo institucional e representa um silenciamento da hist&oacute;ria e da cultura afro-brasileira dentro da festividade.&nbsp;Em nota de rep&uacute;dio, o coletivo de grupos, bandas e blocos afro de Bel&eacute;m destacou a import&acirc;ncia do carnaval como um espa&ccedil;o de reconhecimento e fortalecimento das express&otilde;es culturais afro-brasileiras.&nbsp;&Eacute; exclus&atilde;o por todos os lados, que busca se naturalizar com express&otilde;es tolas do tipo &eacute; mimimi, ou o que valha. Parece que se orquestra &ndash; n&atilde;o tenho del&iacute;rios conspiradores &ndash; uma desconstru&ccedil;&atilde;o de ideais de Na&ccedil;&atilde;o, de coletivo, em uma investida sem parar rumo a uma nova configura&ccedil;&atilde;o da nossa real hist&oacute;ria. S&atilde;o brasileiros torcendo para que um produto nacional, o filme Ainda Estou Aqui n&atilde;o ganhasse nada. &Eacute; uma virul&ecirc;ncia sobre pontos de vista divergentes, onde inclusive j&aacute; houve assassinato.&nbsp;

Salvador n&atilde;o se diferencia,&nbsp;chocou a todos a tal passarela da exclus&atilde;o, em uma esp&eacute;cie de ass&eacute;dio burgu&ecirc;s sobre o povo do asfalto, do ch&atilde;o do seu trabalho duro e suado, mas tamb&eacute;m da sua divers&atilde;o e alegria. N&atilde;o trato aqui de discurso do famigerado politicamente correto. De forma alguma. Falo sobre o sentido de Na&ccedil;&atilde;o, de um patriotismo positivo, que sempre gerar&aacute; a inclus&atilde;o, a solidariedade e o respeito pela diversidade, a pluralidade de sua gente. Hoje, todavia, j&aacute; se fala na revivesc&ecirc;ncia nefasta de um&nbsp;patriotismo negativo, que semanifesta como nacionalismo extremo, xenofobia ou hostilidade em rela&ccedil;&atilde;o aos diferentes.&nbsp;Essa forma de patriotismo&nbsp;leva&nbsp;&agrave; divis&atilde;o social e a conflitos,&nbsp;pois se baseia no divisionismo do n&oacute;s e eles.

S&atilde;o c&eacute;lulas nazistas sendo desbaratadas por todo o Pa&iacute;s...&eacute; o Nordeste sendo achincalhado de toda forma. &Eacute; verdade que sempre foi, mas tem ficado pior. Repito a pergunta do in&iacute;cio: O que vem acontecendo com o Brasil? A psicanalista Maria Homem responde, com propriedade e conhecimento &ndash; O Brasil est&aacute; doente, e as puls&otilde;es mais delirantes vieram &agrave; tona. Cabe-nos impedir com sentimento de representatividade do diverso o alastramento dessa puls&atilde;o que gera conflitos, exclus&otilde;es e diferen&ccedil;as entre iguais, pelo menos diante das leis e dos valores de cidadania, eu&nbsp;penso. &nbsp;

José Medrado

Todos os textos de José Medrado

SINCRETISMO FOLCLÓRICO

É MUITO TRISTE

BEBÊS DE SILICONE

TERRORISMO DE CASA

Papa dos excluídos

Papa comunista

Aí foi demais

Elas são bruxas

Religião e poder

Exclusão por todos os lados

Veja também

Após passar por cirugias, Mateus, da dupla com Jorge, retorna aos palcos!

Bullying e violência urbana: livro debate problemas da juventude!

Alimentos comuns podem anular o efeito de medicamentos: entenda as interações silenciosas!

Mais Lidas

Antonio Filosa é nomeado CEO global da Stellantis

Aumento do IOF afeta crédito e encarece custos para empresas e consumidores, dizem especialistas

Bullying e violência urbana: livro debate problemas da juventude!

Carne de frango brasileira e derivados são banidas da China após casos de gripe aviária

Casal que confundiu personal trainer com mulher trans é expulso de academia no Recife