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150 Anos de Elevador Lacerda: monumento marca o transporte e a história da capital baiana

Cartão-postal de Salvador foi o primeiro elevador urbano do mundo

Por Da Redação
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150 Anos de Elevador Lacerda: monumento marca o transporte e a história da capital baiana

Foto: Divulgação/Prefeitura de Salvador

Imagine se locomover do bairro do Comércio à Praça São Tomé de Souza. Nos dias de hoje, essa possibilidade quase não é mais cogitada graças ao Elevador Lacerda, patrimônio nacional que entrou para a história como o primeiro elevador urbano do mundo. Nesta sexta-feira (8), um dos principais pontos turísticos e cartão-postal da cidade de Salvador completa 150 anos de existência.

O monumento foi inaugurado com 63 metros de altura em 8 dezembro de 1873, para ligar de forma mais rápida e segura a Cidade Baixa à Cidade Alta. Hoje, está situado na Praça Cayru, no bairro do Comércio próximo ao Mercado Modelo.

O historiador e professor Rafael Dantas ressaltou o marco que o equipamento urbano teve na cidade. “Salvador já nasce como uma cidade dividida em dois platôs, em duas partes geográficas, parte baixa e parte alta. Então, fazer ladeiras, guindastes ou qualquer outro meio de acessibilidade entre uma parte alta ou baixa, era uma questão muito cara para o desenvolvimento da cidade, para relações comerciais, etc. E, ao longo de todo esse tempo, tivemos as ladeiras, como a Misericórdia, a Preguiça, entre outras. O elevador Lacerda é pensado justamente nesse sentido de facilidade, comodidade, avanço tecnológico naquele período. Ou seja, era fundamental para essa cidade que visava ser moderna, que visava seguir os caminhos do progresso, naquele contexto da segunda metade do século XIX”. 

O Elevador Lacerda foi idealizado pelo empresário Antônio de Lacerda, construído com a ajuda do irmão, o engenheiro Augusto Frederico de Lacerda e financiado pelo pai Antônio Francisco de Lacerda, para facilitar especialmente o comércio local. 

“O grande centro era a praça municipal, a região do comércio, onde ficavam as casas financeiras, as casas de comércio, o centro político administrativo religioso, todo mundo tinha que passar por ali. Então, foi ali que eles foram instalados, onde ficava o antigo Tribunal da Relação. A casa foi demolida e no local foi construído o nosso elevador Lacerda. A família Lacerda era uma família importante, relevante no contexto aqui baiano, inclusive parte do capital da família estava investido, não só em atividades comerciais, como também no tráfico de escravizados, assim como outras tantas famílias baianas do século XVIII”. 

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), originalmente, o equipamento foi nomeado como Elevador Hidráulico da Conceição da Praia, popularmente chamado de Elevador do Parafuso, com apenas uma torre. Apenas em 1896, o Elevador passou a se chamar Elevador Antônio de Lacerda, por indicação do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Em 1906, foi reformado para adotar um sistema elétrico e sua torre tornou-se mais larga, na base.

“A estrutura foi remodelada e em 1930 ele ganhou a nova torre em estilo do Art Déco, com quatro cabines, de duas passam para quatro cabines e ele é eletrificado décadas antes. O Art Déco dos anos 30 toca diretamente num projeto de modernidade, são linhas retas, é uma construção imponente, com 70 metros de altura, que se destaca”, disse.

Atualmente, o elevador possui duas torres com quatro cabines e 73,5 metros de altura. Tem capacidade total para 128 pessoas, nas quatro cabines, e a viagem dura 22 segundos. Transporta, em média, mais de 750 mil pessoas por mês, funcionando 24 horas por dia, com tarifa de R$0,15.

“Ele foi o primeiro elevador público do mundo em uma época onde só tínhamos elevadores privados, lá na Inglaterra. A Bahia, a cidade do Salvador, ou seja, isso mostra o protagonismo da cidade, o protagonismo de toda essa relevância que tinha um papel baiano e das elites, dos trabalhadores, de todas as pessoas que estiverem envolvidas nesse processo. Falar do elevador Lacerda é também falar um pouquinho sobre a Bahia, sobre a cidade como um todo”, finaliza o historiador Rafael Dantas. 

Reforma

No próximo ano, o Elevador Lacerda passará por obras de reforma e revitalização com investimento de aproximadamente R$ 7 milhões. De acordo com a Fundação Mario Leal, responsável pela revitalização, as intervenções devem iniciar até fevereiro de 2024. O projeto é baseado no desenho original do elevador de 1930. 

“Nós já entregamos, inclusive, para a Sucop [Superintendência de Obras Públicas], que é o órgão da prefeitura responsável pela execução da obra. A Sucop já abriu a licitação, ela só precisa homologar. Bem, ela ainda tem, acredito que ainda esse mês ela homologue o resultado da licitação”, afirmou a secretaria da Fundação Mario Leal, Tânia Almeida. 

Com o desenho antigo, a sorveteria Cubana deve mudar de lugar. “Elas eram abertas ali, a parte que eles chamavam de varanda, que dava acesso àquele corredor, aquele passadiço que chega à segunda parte do elevador, porque a gente tem uma primeira parte do elevador. A gente está trazendo a sorveteria Cubana mais para a área central, no mesmo alinhamento, para deixar aquela área aberta como era no projeto original”, afirmou. 

“A gente trouxe o todo histórico do elevador, de imagens e descritivos. Fizemos um estudo detalhado, antes, para entender a arquitetura original do elevador. Mas, tem todo esse registro de 1930 para cá que foi quando houve a aplicação do elevador quando ele recebeu as duas outras cabines e esse passadiço. As duas primeiras cabines são encravadas ali na rocha” ressaltou.

Segundo com Tânia Almeida, a capacidade do transporte permanecerá o mesmo. Além disso, não deve haver mudança no valor cobrado para utilizar o transporte e que a Secretaria de Mobilidade deve criar um cartão de passagem para os usuários do elevador. O funcionamento da bilheteria também permanecerá tanto na parte alta quanto na parte baixa. 

A secretaria ressalta ainda a importância da reforma e manutenção do monumento histórico da capital baiana. 

“Primeiro a gente está falando de um equipamento de transporte extremamente importante da sociedade. Que é o transporte dos dois níveis da cidade. E segundo, é o valor enquanto um bem histórico e da arquitetura moderna dessa cidade. E um bem tombado pela arquitetura moderna. Então assim, o Elevador Lacerda para mim é o marco dessa cidade, é o símbolo dessa cidade. Ou seja, se você tiver uma foto com o Elevador Lacerda e mostrar qualquer pessoa nesse Brasil, as pessoas sabem que isso aí é Salvador”, concluiu. 

A previsão é que as obras durarem cerca de seis meses. 

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