96% dos moradores de favelas vivem em ruas com obstáculos nas calçadas

O percentual significa, em números absolutos, que dos 16,1 milhões de moradores de favelas em 2022, somente 611.420 viviam em trecho de ruas com calçadas livres

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96% dos moradores de favelas vivem em ruas com obstáculos nas calçadas

Foto: Nelson Oliveira/Agência Senado

YURI EIRAS

Somente 3,8% da população brasileira que vivia em favelas em 2022 morava em trechos de ruas onde não havia obstáculo na calçada, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta sexta-feira (5).

O percentual significa, em números absolutos, que dos 16,1 milhões de moradores de favelas em 2022, somente 611.420 viviam em trecho de ruas com calçadas livres. Outros 96,2% dos moradores, ou 15,5 milhões, tinham algum obstáculo na calçada próxima à residência.

O IBGE afirma que o percentual de moradores com obstáculos na calçada aumentou conforme a população das favelas. Segundo o instituto, nas favelas e comunidades menores, com até 250 moradores, o percentual da população livre de obstáculos atingiu o maior valor.

Na análise que o IBGE realiza das 20 maiores favelas em 2022, a comunidade Baixadas do Condor, em Belém, foi a que apresentou maior percentual de moradores vivendo em trechos de ruas sem obstáculos na calçada (11%).

Por outro lado, Rocinha e Rio das Pedras, ambas no Rio de Janeiro, foram as que tiveram os percentuais mais baixos 0,1% na Rocinha e 0,3% em Rio das Pedras, sinalizando que nesses locais a mobilidade dos pedestres é "bastante comprometida".

Na diferença percentual entre oferta de calçadas livres dentro e fora das favelas, Niterói (42,4 pontos percentuais), São Paulo (24,2 p.p.) e Porto Alegre (48,3 p.p.) apresentaram as maiores diferenças.

No recorte da população com mais de 60 anos, o percentual de moradores que vivia próximo de calçadas livres foi maior fora das favelas do que dentro.

Menos de 15% dos idosos das favelas brasileiras viviam em ruas sem obstáculos.

O IBGE aponta que o cenário é "bastante desfavorável" e "impacta diretamente a mobilidade e a segurança da parcela mais envelhecida da população".

Em 2022, 78,3% da população de favelas vivia em vias pavimentadas; fora das favelas o percentual era de e 91,8% da população.

A pesquisa também apontou que 97,6% das pessoas que viviam em favelas em 2022 moravam em trechos de via sem rampa para cadeirante. Em números absolutos, a oferta de rampas era inexistente para 15,7 milhões de pessoas e existente para 391.024 pessoas (2,4%).

Fora das favelas, a população com oferta de rampa para cadeirante era de 18,5% em 2022.

Campo Grande, em Mato Grosso do Sul (0,8%), e São José dos Campos, em São Paulo (0,9%), apresentaram, em suas favelas, os menores percentuais de moradores com acesso a rampas.

Em Campo Grande também chamou atenção a diferença para a população fora da favela: 56,2% desses moradores tinham acesso a rampa.

Em Curitiba, 11,7% da população das favelas tinha acesso a rampa. Foi a concentração urbana com maior proporção de oferta.

No ano passado, o IBGE divulgou dados do Censo Demográfico 2022 referentes ao número de favelas e comunidades urbanas do país. Ao todo, foram identificadas 12.348 favelas em 656 municípios, com um total de 16.390.815 de moradores.

A Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, lidera a lista das 20 maiores favelas do país, com um total de 72.021 moradores. No entanto, ela é seguida de perto pela Sol Nascente, de Brasília (DF), que possui 70.908 pessoas.

Em terceiro está Paraisópolis, a maior da capital paulista, com 58.527 moradores

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