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'A pessoa pode ter Parkinson e não apresentar tremor', diz especialista ao alertar outros sintomas da doença

Neurologista destaca sinais iniciais da doença, formas de prevenção e os desafios do tratamento

Por Emilly Lima
Ás

'A pessoa pode ter Parkinson e não apresentar tremor', diz especialista ao alertar outros sintomas da doença

Foto: Divulgação

Com o avanço da idade média da população brasileira, cresce também a preocupação com doenças neurodegenerativas, como o Parkinson. Segundo estudo recente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em parceria com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), mais de 500 mil brasileiros com 50 anos ou mais convivem com a Doença de Parkinson e a estimativa é de que esse número dobre até 2060.

A doença é caracterizada pela progressiva redução da produção de dopamina no cérebro, um neurotransmissor essencial para a realização de movimentos. A região mais afetada é a chamada substância negra, onde estão a maioria dos neurônios produtores de dopamina. Como consequência, o paciente pode apresentar lentidão nos movimentos, rigidez muscular, tremor em repouso e perda de equilíbrio.

De acordo com o neurologista Dr. Gabriel Xavier, especialista em transtornos do movimento pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apesar de o tremor ser o sintoma mais conhecido, o principal critério para o diagnóstico é a bradicinesia, ou seja, a lentidão dos movimentos.

"A pessoa pode ter a doença de Parkinson e não apresentar tremor ou apresentar de uma forma muitíssimo discreta. Existem ainda outros sintomas não relacionados à motricidade, mas que são muito comuns entre pacientes com doença de Parkinson como a prisão de ventre, redução do olfato, a presença de sonhos vívidos com movimentos e gritos durante o sono, além de depressão de transtorno de ansiedade", explica.

Embora seja mais comum entre idosos, a doença também pode acometer pessoas mais jovens. Segundo o especialista, não há idade mínima para o surgimento do Parkinson. "Quando o início ocorre antes dos 50 anos de idade definimos como doença de Parkinson de início precoce. Cerca de 15% dos casos ocorrem nessa faixa etária, nada impedindo que a doença possa surgir antes dos 45 ou 40 anos", disse. 

"Muitas vezes os sintomas são atribuídos a alterações relacionadas ao envelhecimento e geralmente minimizados. Isso costuma atrasar o diagnóstico precoce e início do tratamento", acrescenta. 

Por não ser uma doença de notificação obrigatória, não há dados consolidados de diagnósticos de Parkinson na Bahia. No entanto, como a maior incidência se dá entre idosos, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) disponibilizou dados referentes aos atendimentos no Centro de Referência Estadual de Atenção à Saúde do Idoso (Creasi).

De 2023 até março de 2025, o Creasi recebeu 910 processos para acesso ao tratamento medicamentoso de Parkinson vindos do interior do Estado. Atualmente, a Bahia conta com 1.366 pacientes ativos, exclusivamente para a Doença de Parkinson, em tratamento medicamentoso.

Prevenção está nos hábitos

O principal fator de risco para o desenvolvimento do Parkinson é o envelhecimento, mas o estilo de vida pode influenciar diretamente na prevenção e na progressão da doença. Entre os fatores evidentes está a prática regular de atividade física. "Quem se exercita tem menos chance de desenvolver a doença ou pelo menos desenvolve mais tarde. Isso sem falar que atividade física regular, segura e intensa reduz a progressão dos sintomas em paciente que já apresentam os sintomas", pontua o Dr. Gabriel Xavier. 

Hábitos saudáveis também fazem diferença: evitar alimentos ultraprocessados, consumir mais legumes, azeite de oliva, derivados de leite, sementes e alimentos fermentados, além de reduzir o consumo de carne vermelha e manter a mente ativa são atitudes que ajudam a proteger o cérebro, de acordo com o médico.

"As possibilidades de reduzir o risco de doenças neurodegenerativas são várias, mas infelizmente não vem em cápsulas, mas em mudanças de hábitos de vida", alertou o especialista. 

Desafios no tratamento

Apesar dos medicamentos mais utilizados no controle da Doença de Parkinson já serem disponíveis gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de programas estaduais, municipais e da Farmácia Popular, o neurologista destaca que o acesso a terapias complementares ainda é um desafio.

"Vemos que os pacientes tem dificuldade de acesso à avaliação regular com neurologista, assistência fisioterápica, fonoaudiológica e psicológica. Um outro gargalo da assistência é o acesso muito deficitário a terapias avançadas para tratamento de doença de Parkinson, que no nosso país são os tratamentos cirúrgicos. Em alguns lugares do país ainda é, na prática, impossível de ser beneficiado com esse tipo de terapia", finalizou. 

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