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Adolescentes viralizam ao debochar dos estudos e dizer que ganham mais que médicos vendendo cursos na internet

Advogados pontuam que podem ser casos de trabalho infantil on-line

Por Da Redação
Ás

Atualizado
Adolescentes viralizam ao debochar dos estudos e dizer que ganham mais que médicos vendendo cursos na internet

Foto: Reprodução/RedesSociais

Adolescentes viralizaram nas redes sociais com postagem debochando dos estudos e dizendo que ganham mais dinheiro que médicos, vendendo cursos online para ensinar a profissão de digital influencer. Os vídeos, que causaram revolta nas redes sociais, são de jovens de São Paulo, Paraná e no Pará.

Os conteúdos das contas se resumem a postagens em que os "influencers mirins" vendem a ideia de um trabalho fácil, mostram maços de dinheiro, citam altas cifras de faturamento, mas não revelam a fonte da suposta riqueza.

Para ter acesso a tal "receita do sucesso", eles pedem para que os interessados mandem uma DM (mensagem privada) ou acessem um link, através disso, será revelado o caminho para ter uma vida como a deles. O percurso começa por comprar um curso hospedado nas plataformas de marketing de afiliados Kiwify e Cakto, amplamente divulgadas pelos adolescentes. 

O marketing de afiliados, nada mais é, que uma estratégia de vendas em que uma empresa ou pessoa (conhecida também como infoprodutor) cria e disponibiliza seu curso ou produto em plataformas dedicadas para isso. Então, outras pessoas divulgam esses conteúdos com links exclusivos e ganham uma porcentagem em cima da venda delas. 

Os cursos prometem ensinar a ganhar dinheiro com a participação nas vendas desses mesmos cursos. Eles têm nomes chamativos como "O Tesouro do Tráfego Orgânico" e "Acelerador de resultados" e são ministrados por outras pessoas que não são os influencers. 

Os conteúdos custam entre R$ 10 e R$ 200 — o que causa estranhamento diante do quanto esses influencers dizem faturar. Advogados entrevistados pelo G1, especializados em direito da criança e do adolescente, disseram que podem ser casos de trabalho infantil on-line. 

Os adolescentes podem estar sendo usados por indivíduos mal-intencionados para praticar fraude (estelionato), avalia Kelli Angelini, advogada especialista em educação digital e autora do livro "Segredos da internet que crianças e adolescentes ainda são sabem", entrevistada pelo G1. 

Neste caso, os menores podem estar sendo usados para vender cursos que prometem alto retorno, o que, na realidade, pode não se concretizar. A legislação brasileira define o crime de estelionato (Art. 171) como a tentativa de "obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento".

No site Reclame Aqui, muitas pessoas relatam que não conseguem cancelar a compra de serviços oferecidos nos sites Kiwify e a Cakto porque não conseguem encontrar os canais oficiais de atendimento ou porque os responsáveis não respondem 

As plataformas informaram que menores de idade não estão autorizados a usar seus serviços. No entanto, os adolescentes exibem em vídeos placas comemorativas enviadas pelas plataformas para quem atinge um marco de vendas, geralmente R$100 mil. 

Além das placas, também recebem cestas das plataformas que incluem um espumante, bebida alcoólica cujo consumo é proibido para menores de 18 anos no Brasil. Em condição de anonimato, pessoas ligadas aos cursos afirmaram que a regra da maioridade é burlada pois, os registros feitos nas plataformas são feitos com dados dos responsáveis -  No YouTube, é possível encontrar alguns vídeos que ensinam como burlar as regras da Kiwify e criar uma conta para menores de idade.
 

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