‘Sou o presidente que mais economizou recursos públicos’, diz Adolfo Menezes
Em entrevista exclusiva, dirigente da Alba aborda gestão, terceiro mandato, STF e eleições municipais
Foto: Farol da Bahia
Em entrevista exclusiva ao Farol da Bahia, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), deputado Adolfo Menezes (PSD), avaliou o atual ano legislativo e fez um balanço do segundo mandato à frente da Casa.
Destacando a habilidade em manter a harmonia entre os Poderes, Adolfo abordou temas cruciais, incluindo a recente aprovação pelo Senado da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita decisões individuais no Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, o presidente discutiu as eleições municipais do próximo ano e a PEC que viabiliza um terceiro mandato dele à frente da Alba.
Confira abaixo a entrevista completa:
-Presidente, considerando as mudanças ocorridas no início deste ano com a ascensão de um novo governo petista, qual é o balanço que o senhor faz deste ano legislativo, especialmente em relação ao posicionamento mais 'firme' da oposição?
Estamos nos aproximando do encerramento de mais um ano legislativo, e, como nos anos anteriores, a previsão é que encerraremos antes do Natal. Naturalmente, isso está sujeito a acordos entre a oposição e a situação, pois, quando não há acordo, os projetos precisam passar por várias comissões, o que pode atrasar o processo.
Agradeço a Deus e a todos os 63 deputados da Casa, independentemente dos partidos que fazem parte. Mesmo com discursos acalorados e uma oposição ferrenha, no final, todos os deputados têm contribuído. Não digo que estão apoiando o governo, mas sim votando projetos que são importantes para a população baiana.
Um exemplo é o Bahia Sem Fome, um projeto aprovado com o intuito de beneficiar a população baiana. Recentemente, aprovamos um empréstimo de 1,6 bilhão. Não podemos esquecer que empréstimo é uma coisa normal na administração pública.
-No contexto do seu segundo mandato como presidente, como o senhor avalia suas ações em resposta às necessidades da população baiana? Quais conquistas destaca?
Todos os projetos que aprovamos são importantíssimos para a população. Acredito que o que tenho feito de mais positivo, além da harmonia estabelecida com outros Poderes, é a economia de recursos. No Brasil de hoje, com tantas pessoas passando fome, tenho a honra de afirmar que sou o presidente que mais economizou recursos públicos ao longo desses anos. Acredito que esse seja um ponto de destaque.
-Dada a aprovação pelo Senado da PEC que limita decisões individuais no STF, como o senhor avalia o voto de seus colegas de legenda Otto Alencar e Ângelo Coronel favorável à matéria? Acredita que esse movimento, incluindo o do petista Jaques Wagner, pode impactar as relações entre os poderes?
Eu acho que não. A reação do Supremo foi desproporcional. Concordo com a PEC, pois ela não tem nada demais. Não concordo que o presidente da República, que foi escolhido por milhões de brasileiros, tenha uma decisão suspensa por apenas um ministro. Não concordo que o presidente da Câmara, com 503 deputados, tome uma decisão e um ministro sozinho do Supremo impeça. Isso é poder demais.
Essa PEC quer dizer que uma decisão da Câmara, do Senado ou do presidente da República teria que ter o colegiado votando. Qual é o problema disso? Ao invés de um ministro sozinho ter esse poder todo, será o colegiado. Se a maioria entender, pronto, vai valer aquela decisão. A reação do Supremo foi totalmente desproporcional. Ninguém quer fechar o Supremo ou tirar o poder dos ministros, e sim que não se dê uma decisão monocrática.
-Sobre a PEC que viabiliza seu terceiro mandato, gostaria de entender melhor seu sentimento. Considerando que, anteriormente, o senhor foi autor de um texto que proíbe a reeleição dentro de uma mesma legislatura, o que o levou a reconsiderar essa posição? A sua popularidade na Casa é um fator que influencia?
Primeiro, quero pontuar que todos os dias coloco mais o pé no chão. Tenho, inclusive, a noção exata do que é o poder. Sei que o poder é passageiro, pois todo império tem apogeu e queda. Já fui reconduzido ao cargo, só tenho que agradecer. Independente de chegar a ser reeleito na próxima eleição, eu já agradeço aos colegas pela iniciativa de querer que eu continue presidente da Assembleia Legislativa da Bahia. Para mim, isso já é uma vitória.
Todos os 62 deputados têm o direito de presidir, todos têm essa prerrogativa. Apesar de pensarem de maneira diferente, todos aqui são iguais. Essa PEC em questão não trata da eleição, mas pode trazer consequências no caso de uma reeleição para mim. No entanto, a PEC não retira o direito de ninguém pleitear ser candidato.
A PEC está em tramitação e ainda será votada. Caso seja aprovada, concede o direito à reeleição. Trata-se de uma mudança na Constituição para possibilitar, caso seja da vontade dos deputados, a reeleição. Em fevereiro de 2025, ocorrerá a eleição em que os deputados poderão escolher livremente quem desejam que presida a Casa. Meu nome, claro, como deputado, também estará na disputa.
-Presidente, essa PEC pode abrir margem para um quarto mandato?
Não, isso não.
-Em relação à sua colega de legenda, a deputada Ivana Bastos, que manifestou o desejo de presidir a Casa, e considerando a falta de protagonismo feminino na Alba e a recente declaração do senador Otto Alencar sobre o apoio do PSD ao nome dela em 2025, qual é a sua opinião?
Aqui, todos têm os mesmos direitos. Portanto, cada um conduz o seu mandato da forma que considera melhor. Ivana, além de ser minha colega de partido, é minha amiga particular há muitos anos. Ela tem todo o direito e competência, como todos, para presidir a Casa. No entanto, é importante lembrar que o presidente possui apenas um voto.
Quanto à declaração de Otto, sabemos que a política muda muito o tempo todo. Essa é a opinião do senador hoje, mas pode ser que lá na frente as coisas mudem. Ninguém esperava que Jerônimo Rodrigues seria o candidato na última eleição, e agora ele é o governador. A eleição na Alba é em 2025 e, claro, o que se fala hoje pode mudar. Ainda há muito a acontecer, e quero deixar claro que não vou passar por cima de ninguém, isso é certo.
-Olhando para as eleições municipais de 2024, o senhor acredita que já passou da hora de a base de Jerônimo Rodrigues divulgar o nome do candidato à prefeitura de Salvador?
Sim, claro. Primeiro, acho errado a gente ter eleição praticamente todos os anos. Uma eleição acontece a cada quatro anos, mas começa muito antes. Uma eleição custa bilhões para o Brasil inteiro. A cúpula do governo, que é quem dirige isso, já deveria ter escolhido o candidato para disputar a próxima eleição. Porém, não me meto. Essa é uma decisão deles, mas acredito que já passou do tempo.