Alckmin diz que decisão de Trump sobre tarifaço é avanço, mas fala em distorções a serem corrigidas
Alckmin afirmou que, apesar de a taxa global de 10% ter sido removida para uma série de produtos, o Brasil ainda permaneceu com a sobretaxa de 40%

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
CÉZAR FEITOZA
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou neste sábado que a decisão de Donald Trump de reduzir tarifas sobre a importação de carne bovina, tomate, café e banana é um avanço, mas que há uma "avenida de trabalho" pela frente para corrigir o que ele chamou de "distorções".
Em rápida entrevista coletiva no Palácio do Planalto, Alckmin afirmou que, apesar de a taxa global de 10% ter sido removida para uma série de produtos, o Brasil ainda permaneceu com a sobretaxa de 40%, ainda "muito alta".
"Tem um setor muito atendido, que foi o suco de laranja, era 10% e zerou. O café também reduziu 10%, só que tem um concorrente que reduziu 20%", disse o vice, ressalvando, porém, ter considerado a medida do governo norte-americano "boa, na direção correta".
Na sexta (14), o presidente dos Estados Unidos assinou medida para reduzir tarifas sobre a importação de carne bovina, tomate, café e banana, em movimento voltado para controlar a inflação dos alimentos no país após o tarifaço.
Entre outros países exportadores de commodities, as medidas podem beneficiar o Brasil, maior produtor global de café e segundo maior produtor de carne bovina, atrás apenas dos EUA, segundo dados do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA).
O decreto publicado por Trump, no entanto, se aplica apenas à alíquota de 10% das chamadas "tarifas recíprocas" impostas em abril a todos os países. A sobretaxa de 40% sobre o Brasil segue em vigor.
O decreto modifica o escopo das tarifas com base em segurança nacional, pilar da estratégia de Trump para enfrentar o que ele classifica como "grandes e persistentes déficits comerciais" dos EUA.
A decisão vem após recomendações de autoridades encarregadas de monitorar o estado de emergência nacional declarado por Trump em abril. O governo citou negociações com parceiros comerciais, a demanda doméstica e a capacidade produtiva americana como fatores que motivaram a revisão.
"Determinei que é necessário e apropriado modificar ainda mais o escopo dos produtos sujeitos à tarifa recíproca imposta pela ordem executiva 14257 [medida que aplicou a tarifa global de 10%]", afirma Trump no decreto.
Ainda na sexta, após a divulgação da medida, Trump disse a bordo do Air Force One que novos recuos nas tarifas não serão necessários.
"Acabamos de fazer um pequeno recuo", afirmou. "Os preços do café estavam um pouco altos; agora ficarão mais baixos em um período muito curto."


