Alta nas contas de luz impulsiona energia solar na Bahia
Setor representou mais da metade da nova capacidade de energia elétrica adicionada no Brasil
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Foto: Pixabay
Uma onda de secas e bandeiras vermelhas no ano de 2024 fez o preço da conta de luz subir, com as tarifas de energia crescendo acima da inflação. O boleto é a despesa de maior peso no bolso dos brasileiros, impactando a renda de 49% das famílias, revelou uma pesquisa do Instituto Pólis em parceria com a Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC).
O setor solar, por vez, tem surfado na onda do encarecimento das contas de luz e expandido a sua participação na matriz energética do país: o segmento representou aproximadamente 52% da nova capacidade de energia elétrica adicionada no Brasil (10.321 MW) no ano passado.
A opção pelo investimento nas placas solares costuma ser orientada pelo desejo de economizar, além de contribuir com medidas sustentáveis. Para o professor Carlos Alberto, foram esses os motivadores para o seu investimento recente de R$ 14 mil em 12 placas solares, para garantir 900 kW por mês para a sua residência. Com dois ar-condicionados e uma série de eletrônicos em casa, as contas de luz começaram a pesar, o que o levou a apostar na energia fotovoltaica.
“Acho que recupero esse investimento em questão de um ano. Mesmo com o aumento do preço do kit, a energia solar é muito convidativa, sobretudo porque a maioria dos bancos públicos e privados têm linha de crédito específica com a taxa de juros considerada menor para fazer o investimento. Além disso, poderei distribuir parte para a casa dos meus pais e fazer mais essa economia ”, destacou Carlos Alberto.
De acordo com Nuno Patrício, diretor regional sul da Associação Baiana de Energia Solar (ABS), a opção pela energia fotovoltaica para economizar tem sido uma tendência, uma vez que aparelhos elétricos têm sido cada vez mais demandados pela sociedade. “Cada vez mais temos aparelhos conectados e maior consumo, com fogões e fornos se tornando elétricos, então, consumimos mais energia. Por isso as contas têm aumentado muito, na casa dos 12%, 13% ao ano. Qualquer pessoa que pagasse R$ 200, R$ 300 em 2000, 2001, hoje, paga R$ 500”, disse Nuno.
Alta do dólar e encarecimento do sistema solar
O Brasil é um dos maiores importadores de painéis solares do mundo, uma vez que o mercado nacional não dá conta de atender à demanda interna pelos equipamentos. Desta forma, a variação do dólar está diretamente relacionada ao encarecimento ou barateamento dos equipamentos. No ano passado, a moeda norte-americana subiu 27%, a maior alta em quatro anos - isso, porém, não travou o avanço da energia fotovoltaica.
“Os sistemas solares aumentaram um pouco no ano passado, devido à alta do dólar, mas mesmo assim ficaram mais baratos do que há dois anos. Em 2023, o mesmo sistema era mais caro do que é hoje. Em 2022, pós-pandemia, os sistemas também estavam mais caros, e nem vamos comparar com 2018 e 2019, que os sistemas eram muito mais caros. Num sistema que em 2019 custava 40 mil, hoje o mesmo sistema anda pelos 25, 27, 28 mil. Então, mesmo com alta de preço, os produtos caíram muito”, disse.
Ainda segundo o diretor regional sul da ABS, o barateamento dos painéis solares pode ser explicado pela competitividade, fruto do amadurecimento do mercado.
Perspectivas
De acordo com Vinicius Mariana, CEO da 3P Energia, as expectativas para o ano de 2025 são positivas. "O setor deve manter o mesmo patamar do ano passado, com muitas instalações de grandes usinas. A tendência da energia renovável é continuar crescendo", destacou.
Ainda segundo Nuno Patrício, a projeção é de que a alta de energia solar, ao contrário de outros anos, não será residencial. "A maior parte das pessoas que tinham dinheiro para por energia solar, já puseram. Os juros bancário não estão mais tão convidativos", pontuou.
Nesse sentido, o diretor da ABS afirmou que, no que diz respeito às instalações de placas solares em residências, deve haver um "ligeiro abrandamento", mas nada de grande impacto ao setor.