Alzheimer: descoberta sobre estágio inicial pode afetar rumo da doença
Com poucos tratamentos efetivos, pesquisadores belgas buscam outros mecanismos que revertam o quadro clínico
Foto: Reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil
Cientistas do Centro VIB-KU Leuven de Pesquisa sobre Cérebro e Doenças, na Bélgica, fizeram uma descoberta de um mecanismo envolvido nos estágios iniciais do Alzheimer, antes da formação das placas de proteína no cérebro. Essa novidade pode levar a novos rumos para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes contra a doença.
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Alzheimer abrange de 60% a 70% de todos os casos de demência, declínio cognitivo que deve atingir 139 milhões de pessoas até 2050. Ainda há poucos tratamentos efetivos, por isso, o desenvolvimento de medicamentos tem se voltado, em sua maioria, ao uso de anticorpos monoclonais para eliminar essas placas na esperança de atenuar ou reverter o quadro clínico característico do Alzheimer, como a perda de memória, ou, até mesmo, impedir a doença.
Os cientistas têm buscado identificar outros mecanismos mais iniciais que possam ser alvos de estratégias terapêuticas mais eficazes. Os pesquisadores belgas identificaram uma molécula que interrompe a comunicação entre partes da célula cruciais para o armazenamento de cálcio e a eliminação de resíduos, o que precedeu a formação das placas de proteína e a morte de células neuronais.
Foi pensado que se bloquear a ação da gama-secretase poderia evitar a formação das placas características do Alzheimer. No entanto, os cientistas observaram que, ainda assim, ocorria o acúmulo de uma outra substância, um fragmento da própria APP, no interior da célula: o APP-CTF. Eles acreditam que a ação do APP-CTF, ocorre antes mesmo da formação das placas amiloides e do surgimento de sintomas da doença, podendo representar uma das primeiras disfunções nos neurônios ligadas à doença de Alzheimer.