Coronavírus

América do Sul se torna região mais preocupante em meio a explosão de novos casos de Covid-19

Com vacina e isolamento abaixo do esperado, países da região apresentam recorde de infecções

Por Da Redação
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América do Sul se torna região mais preocupante em meio a explosão de novos casos de Covid-19

Foto: Reprodução/Pfarma

Mais de um ano depois da chegada da Covid–19 à América do Sul, os países da região apresentam uma explosão no número de casos da doença nas últimas semanas. A situação foi classificada como a mais alarmante no mundo pela diretora-geral da Organização Pan–Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne, no dia 7 de abril. "Em nenhum lugar as infecções são tão preocupantes como na América do Sul", disse a executiva da agência de saúde que atua como escritório da Organização Mundial da Saúde (OMS) no continente.   

Atualmente, a América do Sul é a região com o maior número proporcional de novos casos diários. A virada aconteceu no último dia 6, quando o continente chegou a 256 novos casos diários por milhão de habitantes, enquanto que a Europa, até então líder, tinha 250, de acordo com a plataforma Our World in Data. A América do Sul também apresenta o pior cenário do mundo quando se considera a média móvel de mortes em um intervalo de sete dias.

Na última segunda-feira (12), a média móvel de mortes da região beirava a marca de dez para cada milhão de habitantes (a da Europa, a segunda pior, estava abaixo de cinco). Em contraste com a aceleração da pandemia, a região tem somente 3% da população totalmente vacinada. Para efeito de comparação, a Europa tem quase 6% e a América do Norte lidera com 13%, mesmo com a inclusão de países da América Central e do Caribe.

Sem uma redução eficiente da mobilidade, por exemplo, as medidas de distanciamento e isolamento são precárias ou praticamente inexistentes na opinião de especialistas. A desigualdade social e a falta de auxílio financeiro por parte dos governos também são elementos da equação. “Na América Latina, o alto grau de informalidade exige que muitos setores da sociedade saiam para trabalhar”, diz Andrés Malamud, pesquisador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, em Portugal.

Miriam Saraiva, professora de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pesquisadora sobre integração sul–americana e Mercosul, avalia ainda que, por uma questão de “cultura política”, os governos sul–americanos tendem a não conseguir convencer os cidadãos a tomar os cuidados necessários para o controle da pandemia.

“Os governos não têm capacidade de enquadrar suas próprias sociedades, (de fazer com) que haja um pensamento coletivo, que cada cidadão se sinta obrigado a ter um determinado comportamento”, pontua. “Isso é uma questão de cultura política, que não se pode criar da noite para o dia, e aqui na América Latina faz falta”, afirma.

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