Amigo do ministro da Comunicação vira sócio de agência contratada pelo governo Lula
Documentos oficiais apontam que ele entrou para a sociedade em março deste ano
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O cientista político Juliano Corbellini, amigo próximo do ministro da Comunicação, Paulo Pimenta, se tornou sócio da Nacional Comunicação, uma das agências de publicidade que atendem a Presidência da República.
O amigo de Pimenta é vice-presidente da empresa, que também tem como clientes os ministérios da Saúde, das Cidades e do Desenvolvimento Social. Documentos oficiais apontam que ele entrou para a sociedade em março deste ano.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, Corbellini visitou a Secom, no Palácio do Planalto, desde o início do governo, pelo menos quatro vezes. Antes de oficialmente se associar à empresa, o publicitário também esteve no Palácio do Planalto 22 vezes nos três primeiros meses do governo Lula.
As agendas, acessadas pelo jornal através de um pedido via LAI (Lei de Acesso à Informação), mostraram ainda compromissos de Corbellini no Planalto após entrar na empresa. Em 26 e 27 de abril, a ida foi para “reunião com a equipe da Agência de Comunicação da FSB e assessores da Secom”. A FSB atua em comunicação e prestação de serviços ao governo federal. Ainda há um registro em 29 de maio.
No final de 2022, no período de transição de governo, Pimenta promoveu uma reunião com representantes das agências que atendem a Presidência. O hoje sócio da Nacional participou desse encontro, ocorrido três meses antes de ele se associar à agência.
À reportagem, por meio da assessoria de imprensa da Secom, Pimenta afirmou que a Nacional é uma das mais de 20 agências que prestam serviços para o governo federal, entre agências de publicidade, comunicação corporativa e eventos, e que todas as empresas são contratadas por meio de processos licitatórios ocorreu no governo anterior.
"Agências que prestam serviços à administração pública atendem a critérios técnicos e jurídicos averiguados por órgãos federais responsáveis. As propostas técnicas são apresentadas por todas as agências concorrentes nos certames, nos quais vários critérios são listados", afirmou ainda no comunicado.
A CGU (Controladoria-Geral da União) abriu, em 2020, um PAR (Processo Administrativo de Responsabilidade) para apurar possíveis irregularidades em campanhas do Ministério do Turismo realizadas pela Nacional dois anos antes.
O processo está em andamento e sob sigilo, segundo a controladoria. No relatório de apuração apresentado em 2021, a CGU afirmou ter sorte “direcionamento irregular de ações publicitárias para a Agência Nacional”.
A Nacional afirmou que o procedimento da CGU “ainda não está concluído e não há, portanto, nenhuma resolução sobre o caso”. “A empresa vem prestando todos os esclarecimentos necessários e tem confiança de que o procedimento será arquivado”, disse a empresa.