Amputação do reto: quando a cirurgia é indicada?

Aos detalhes...

Por Michel Telles
Ás

Amputação do reto: quando a cirurgia é indicada?

Foto: Divulgação

No início deste ano, a cantora Preta Gil compartilhou em suas redes sociais que precisou passar por uma cirurgia para colocação de uma bolsa de colostomia definitiva. A decisão foi consequência do seu tratamento contra o câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino, diagnosticado em 2023.

A artista já havia utilizado uma bolsa provisória anteriormente, mas, devido à evolução do quadro, precisou recorrer à amputação do reto, um procedimento definitivo e necessário em alguns casos da doença.

Em entrevista à imprensa, o cirurgião do aparelho digestivo Rodrigo Barbosa, sub-especializado em cirurgia bariátrica e coloproctologia, explica que a escolha do procedimento ocorre quando o câncer está localizado na parte mais baixa do reto, impedindo que ele seja removido de outra forma.

Segundo ele, as opções de tratamento mais comuns são a quimioterapia e a radioterapia, que costumam ser combinadas, a terapia-alvo e a cirurgia. No entanto, quando elas não levam à remissão do tumor, que foi o caso de Preta Gil, e ele está muito próximo ao ânus, a amputação se torna uma necessidade.

Durante a cirurgia, é removido o reto e, dependendo do estágio da doença, uma porção inferior do intestino grosso, o que pode impactar no controle das fezes, exigindo a bolsa de colostomia para a sua eliminação, quando não é possível conectar seções saudáveis do cólon.

O câncer colorretal, que engloba tumores do intestino grosso e do reto, é um dos tipos mais incidentes no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa é de mais de 45 mil diagnósticos para 2025. Entre os sintomas de alerta mais frequentes estão  desconforto abdominal, sangue nas fezes, perda de peso e alteração do hábito intestinal.

No entanto, o primeiro sinal de câncer no reto costuma aparecer quando a doença já está em estágios mais avançados, tendo em vista que ela costuma se desenvolver de forma silenciosa. Por isso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) recomenda a realização da colonoscopia para homens e mulheres a partir dos 50 anos. Em casos de histórico de câncer na família, a idade passa a ser os 40 anos.

Transplante hepático pode ser alternativa de tratamento

Uma cirurgia que tem sido estudada no tratamento do câncer colorretal avançado é o transplante de fígado para pacientes com metástase hepática. De acordo com o médico especialista em transplante de órgãos abdominais, Eduardo Fernandes, 30% dos pacientes com câncer colorretal já têm a doença no fígado, quando são diagnosticados. Além disso, outros 30% irão desenvolver a doença no futuro.

Fernandes, que é criador do protocolo brasileiro dessa cirurgia, explica em entrevista à imprensa que, até então, a única alternativa de tratamento para pacientes com tumores extensos no fígado ou lesões inoperáveis era a ressecção parcial do órgão. Quando o câncer comprometia todo o fígado, nada mais podia ser feito.

Apesar dos avanços, o procedimento é restrito a casos muito específicos. Para ser elegível, o paciente deve ter sido operado há, pelo menos, um ano, ter controle da doença por quimioterapia e apresentar metástases irreversíveis exclusivamente no fígado.

O Ministério da Saúde alerta que, além dos desafios inerentes a uma cirurgia, é importante avaliar quais os riscos de um transplante. As complicações incluem infecções, rejeição do órgão e efeitos colaterais das medicações imunossupressoras, como hipertensão e toxicidade do sistema nervoso. Por isso, é necessária uma avaliação para cada caso.

Bons hábitos podem ajudar a prevenir a doença

A alta incidência do câncer colorretal e casos como o de Preta Gil chamam a atenção para a necessidade de conscientização sobre a doença. O Inca destaca que o seu desenvolvimento está diretamente ligado aos hábitos durante a vida.

Sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool e obesidade são indicados entre os fatores que aumentam os riscos da doença, assim como o consumo excessivo de carne vermelha processada (mais de 500 gramas de carne cozida por semana), e processados, como bacon, salsicha, mortadela e presunto.

Em contrapartida, manter uma alimentação balanceada e praticar atividade física diariamente ou na maior parte da semana pode ajudar na sua prevenção. O Inca recomenda optar por alimentos minimamente processados e in natura, como verduras, frutas, legumes, grãos e cereais integrais. 

Dessa forma, a pessoa tem uma alimentação rica em fibras, que promove o bom funcionamento do intestino e ainda ajuda no controle do peso corporal. Não fumar e não se expor ao tabagismo também estão entre as recomendações.

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