Anielle Franco diz que importunação sexual de Silvio Almeida durou cerca de um ano: 'ele era bem desrespeitoso'

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, deu detalhes publicamente, neste domingo (6), sobre a importunação sexual por parte do ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. 

Em entrevista ao Fantástico, Anielle revelou que os assédios duraram mais de um ano. Segundo ela, os casos começaram com cantadas e escalaram para “situações que mulher nenhuma merece passar”. Ao ser questionada sobre a informação de que Silvio teria a tocado por debaixo da mesa em uma reunião realizada no dia 16 de maio de 2023, a ministra se emocionou e perdeu a fala.

“Você tocar, assediar ou violentar o corpo de uma mulher, é uma das coisas mais abomináveis que podem existir. É por isso que toda vez que eu preciso falar e lembrar disso eu digo para mim mesma que Anielle foi vítima, mas enquanto ministra de estado, mãe, feminista, negra, irmã, tem uma responsabilidade nesse lugar de combater e fazer com que esse país vire um lugar melhor para todas nós”.

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Anielle ressaltou que nunca teve nenhum tipo de relação íntima com Silvio Almeida antes de começarem a trabalhar no mesmo governo, em 2023, mas já nos primeiros meses começou a se sentir desconfortável com os comportamentos do então colega.

Conforme a ministra, ao expressar o descontentamento com os abusos que sofria, ela não foi respeitada. “A gente nunca teve nenhum tipo de intimidade para que eu desse qualquer tipo de condição para ele fazer o que ele fez. Nenhuma. Existe uma coisa na sociedade que a gente precisa diferenciar: o que é se aproximar ou cantar uma pessoa com respeito, e o que é violentar, importunar e assediar uma pessoa. É bem diferente isso. [...] eu achava que, quando eu falasse, eu seria respeitada. E esse foi o último momento em que eu tentei. Quando de fato mais uma barreira é rompida, mais uma fala ou desrespeito acontece. E aí eu entendi que não tinha como [...] ele era bem desrespeitoso”, disse.

A ministra prestou depoimento na Polícia Federal (PF) na última quarta-feira (2) no inquérito que apura o caso. A PF ainda deve ouvir outras supostas vítimas do caso e uma representante da organização MeToo Brasil, plataforma onde os casos foram registrados.

Silvio Almeida nega

No mesmo dia em que a denúncia contra ele se tornou pública, Silvio Almeida usou o site do Ministério dos Direitos Humanos para publicar uma nota e postou um vídeo nas redes sociais negando as acusações.

Ao Fantástico, o advogado do ex-ministro ressaltou que ele é inocente e disse não ter acesso a nada sobre o processo, que está em segredo de Justiça. “Ele [Silvio Almeida] nega veemente todas essas referências feitas em desfavor dele. O mais importante é que essa investigação segue sigilosa nós não tivemos acesso a nenhum depoimento, o que não é razoável é que em plena vigencia da constituição a defesa saiba de episódios a partir do noticiário. Evidentemente que quando essas versões foram expostas vamos contraditar todos eles e a verdade vai prevalecer”, disse Nélio Machado.