Apenas 16% das crianças de 3 e 4 anos tomaram duas doses da vacina contra Covid-19, diz Fiocruz
Dados revelam aumento na cobertura vacinal, porém apenas uma parcela recebeu a dose de reforço
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Desde a aprovação do uso emergencial da Coronavac em crianças de 3 e 4 anos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em novembro de 2022, a vacinação nessa faixa etária tem apresentado avanços no Brasil. No entanto, apesar do triplo do número de crianças vacinadas com as duas doses em abril de 2023 em comparação a novembro de 2022, ainda há um longo caminho a percorrer.
De acordo com dados do Vacinômetro Covid-19 do Ministério da Saúde, compilados pelo Observa Infância (Fiocruz/Unifase) em 28 de abril de 2023, 16% da população de 3 e 4 anos recebeu as duas doses da vacina contra a Covid-19, totalizando 926.376 crianças. Além disso, 1.787.613 crianças receberam a primeira dose.
Em fevereiro de 2023, o Ministério da Saúde recomendou uma dose de reforço para crianças de 3 e 4 anos que receberam a vacina CoronaVac. A administração da dose adicional deve ocorrer no mínimo quatro meses após a segunda dose, preferencialmente com a vacina Pfizer. No entanto, apenas 38.510 crianças nessa faixa etária receberam a terceira dose até o momento. Estima-se que cerca de 5,9 milhões de crianças de 3 e 4 anos residam no Brasil e devam receber as duas doses, além do reforço vacinal.
A coordenadora do Observa Infância, Patricia Boccolini, destaca a preocupação com o atraso na vacinação infantil contra a Covid-19, pois até junho de 2022, o país registrava uma média de 2 mortes diárias pela doença nessa faixa etária. Desde a aprovação da vacina Pfizer pediátrica pela Anvisa em setembro de 2022, foram registrados 26 óbitos de crianças menores de 5 anos decorrentes da Covid-19, o equivalente a dois óbitos a cada três dias.
Os dados são provenientes do VAX*SIM, um estudo que analisa o impacto das mídias sociais, do Programa Bolsa-Família e do acesso à Atenção Primária em Saúde na cobertura vacinal em crianças menores de cinco anos. A pesquisa é coordenada pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), uma iniciativa conjunta da Fiocruz e do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto (Unifase).