Após injúria racial em jogo na Série B, jogador do América-MG é liberado da prisão
Miguelito vai responder em liberdade pelo crime contra atleta do Operário em partida da 2ª divisão do Brasileirão

Foto: Reprodução/Polícia Civil do PR
O jogador do América-MG, Miguelito, foi liberado da prisão em Ponta Grossa nesta segunda-feira (5). O meio-campista vai responder em liberdade pela denúncia de injúria racial contra o atleta Allano, do Operário-PR, durante o duelo entre as equipes válido pela 6ª rodada da Série B do Brasileirão.
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Miguelito teve a liberdade provisória concedida no caso testemunhado pelo volante Jacy, da equipe paranaense. Segundo o Código Penal do Brasil, a pena máxima prevista para o crime é de cinco anos de reclusão.
O atleta não passou por audiência de custódia após o pedido da defesa, que foi acatado pelo juiz Thiago Bertuol de Oliveira.
"Mesmo os indícios apontando para a provável prática do delito (...) não encontro impedimentos para que possa o flagranteado responder pelo delito em liberdade", diz decisão.
Ainda segundo o documento, a liberdade provisória foi deferida, pois não há "evidências concretas de que a ordem pública possa ser abalada com a libertação do detido, nem de que este possa vir a se furtar da aplicação da lei penal".
Com isso, a investigação segue em curso e o Ministério Público ainda pode denunciar o atleta, além da Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que também pode apresentar uma denúncia na esfera desportiva.
Já a vítima se pronunciou nas redes sociais e agradeceu o apoio do clube. Confira o texto de Allano abaixo:
Venho, por meio desta nota, me manifestar sobre o episódio lamentável de injúria racial que sofri durante a partida entre Operário e América Mineiro, pelo Campeonato Brasileiro da Série B. Infelizmente, mais uma vez, o racismo mostrou sua face cruel dentro de um espaço que deveria ser de celebração, respeito e igualdade. Ser ofendido pela cor da minha pele é algo doloroso, revoltante e, acima de tudo, inaceitável. Não vou me calar. Não por mim apenas, mas por todos os que já passaram por isso e por aqueles que ainda lutam para que esse tipo de violência acabe de vez. O futebol, como a sociedade, precisa dizer basta ao racismo. Precisamos de justiça, responsabilidade e, sobretudo, empatia. Agradeço ao Operário pelo apoio, aos meus companheiros de equipe, à minha família e a todos que têm se solidarizado comigo neste momento. A luta contra o racismo é de todos nós, e ela não vai parar enquanto houver injustiça.
Entenda o caso
O volante Jacy, que defende o Operário, foi testemunha do episódio. Segundo a Polícia Civil do Paraná, depois do encerramento da partida, o autor, a vítima e a testemunha foram conduzidos por uma equipe da Polícia Militar à sede da 13ª Subdivisão Policial. Após ouvir os envolvidos, foi dada voz de prisão em flagrante a Miguelito pelo crime previsto na Lei nº 7.716/89, que define os crimes resultantes de preconceitos, raça ou de cor.
O lance teria ocorrido aos 30 minutos da primeira etapa. A partida ficou paralisada por 15 minutos com a discussão entre os jogadores. O árbitro tentou verificar as imagens, mas sem sucesso. A partida então foi reiniciada sem alterações ou cartão para algum jogador.
A Polícia Civil já entrou em contato com os canais de transmissão da partida, por meio do advogado do Operário-PR, para se poder obter imagens que possam ter a fala racista. O jogador do clube mineiro teria se direcionado para Allano e dito: "Preto do C***".