Michel Telles

Arrotar é preciso. E importante para a saúde!

Aos detalhes...

Por Michel Telles
Ás

Arrotar é preciso. E importante para a saúde!

Foto: Divulgação Assessoria

Embora proibitivo para as regras de etiqueta, o ato (natural) de eliminar gases do estômago pela boca - ou seja, arrotar - é um indicativo de saúde estável. Afinal, trata-se de uma demanda fisiológica que, quando atendida por nós, só denota algo comum e necessário para o funcionamento do aparelho digestivo (em que pesem as ressalvas em relação aos “bons modos” sempre tão recomendáveis).

O problema é justamente quando ocorre o contrário. Não arrotar ou mesmo arrotar pouco pode ser sintoma de Disfunção Cricofaríngea Retrógrada, uma patologia que impacta significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Isso porque ela compromete a liberação dos gases que acumulamos no corpo, causando flatulência, dor e distensão abdominal e, até mesmo, dificuldade ou incapacidade de vomitar.

Além de todo esse mal-estar físico, estudos também associam essa anomalia a quadros de alteração de humor, irritabilidade, ansiedade e inibição social.

Origem

De acordo com a médica otorrinolaringologista Luciana Costa, do Hospital Paulista - referência em saúde de ouvido, nariz e garganta -, a origem do problema está em um músculo que fica na região do pescoço, entre a faringe e o esôfago.

"Trata-se do músculo cricofaríngeo, que é o principal responsável pelo componente contrátil que permite que o alimento siga da faringe para o esôfago. Ele relaxa quando ingerimos algo e mantém certa pressão em momentos de repouso, fechando-se para proteger as vias aéreas de um possível refluxo e da ingestão de ar durante a respiração”, explica a médica.

Segundo ela, durante o reflexo de arrotar, esse músculo precisa relaxar para permitir o fluxo retrógrado de ar do estômago para a boca. Quando isso não acontece, os pacientes não conseguem arrotar, e o ar permanece preso no esôfago. “Isso provoca uma série de desconfortos físicos e também psicológicos que são efeitos atribuídos à Disfunção Cricofaríngea Retrógrada", reitera.

Impactos

Da parte psicológica, em específico, Dra. Luciana destaca que avaliações de qualidade de vida associam o problema a pacientes com maiores taxas de ansiedade, isolamento social e diminuição da produtividade (dias de ausência no trabalho e/ou escola).

"Em busca de alívio, eles acabam fazendo modificações no estilo de vida, alteram seu regime de exercícios, limitam ou modificam sua dieta e evitam situações sociais. Essa situação, segundo relatos de pacientes, costuma ter início na adolescência e tendem a piorar na idade adulta.”

O diagnóstico, contudo, não é tão simples. Requer uma série de avaliações e não há um exame específico para tal - conforme explica a Dra. Luciana. "O diagnóstico da Disfunção Cricofaríngea Retrógrada é, atualmente, considerado um diagnóstico de exclusão e depende principalmente da história clínica. Ainda não existe um exame complementar que confirme a disfunção, embora haja diversas pesquisas sendo desenvolvidas nesse sentido.”

Tratamentos

Quanto aos tratamentos, a médica esclarece que o mais comum é por meio da aplicação de toxina botulínica, para enfraquecer o esfíncter esofágico superior (estrutura composta pelo músculo cricofaríngeo).

Esse procedimento, quando indicado, é feito pelo médico otorrinolaringologista,  no consultório através de eletromiografia ou no centro cirúrgico sob anestesia geral, usando uma técnica minimamente invasiva através da boca. O efeito ocorre imediatamente após a aplicação e a duração parece ser prolongada.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br

Faça seu comentário

Nome é obrigatório
E-mail é obrigatório
E-mail inválido
Comentário é obrigatório
É necessário confirmar que leu e aceita os nossos Termos de Política e Privacidade para continuar.
Comentário enviado com sucesso!
Erro ao enviar comentário. Tente novamente mais tarde.