Ataque israelense mata chefe de mídia do Hezbollah em Beirute
O líder do partido afirmou a uma emissora local que Afif estava no prédio
Foto: Reprodução/Redes sociais
Um ataque israelense a um prédio situado em um bairro densamente povoado de Beirute, capital do Líbano, neste domingo (17) matou o chefe de mídia do Hezbollah, Mohammad Afif, de acordo com informações de fontes de segurança libanesas à agência de notícias Reuters.
O episódio aconteceu no mesmo dia em que foram divulgadas declarações em que o papa Francisco afirma que é preciso refletir se a atuação militar de Israel na Faixa de Gaza constitui um genocídio contra o povo palestino. A afirmação faz parte de trechos de um livro publicados pelo jornal italiano La Stampa.
O bairro atingido na capital libanesa, Ras al-Nabaa, é onde se refugiam muitos dos deslocados do sul de Beirute que fogem de bombardeios israelenses.
Fontes de segurança disseram que o ataque atingiu o prédio onde ficam os escritórios do Partido Social Nacionalista Sírio no Líbano. O líder do partido afirmou a uma emissora local que Afif estava no prédio.
A emissora também informou que Afif havia sido morto e exibiu um vídeo do prédio cujos andares superiores haviam desabado, e onde havia trabalhadores da defesa civil. O Ministério da Saúde libanês disse que o ataque matou uma pessoa e feriu três. Ainda não há, porém, confirmação por parte do Hezbollah.
A conta do porta-voz militar israelense não alertava para ordem de evacuação no bairro de Beirute em que o prédio estava situado em sua conta no X, antigo Twitter. O Exército Israelense não comentou o ocorrido.
Em outro episódio, um soldado libanês morreu e três foram feridos depois que Israel atacou um posto militar em uma cidade ao sul do Líbano, de acordo com o Exército libanês no X.
Afif trabalhou durante anos com o ex-secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, morto em um ataque aéreo israelense aos subúrbios do sul de Beirute em 27 de setembro. Ele gerenciou a estação de televisão Al-Manar do Hezbollah antes de assumir o escritório de relações com a imprensa do grupo.
Hezbollah e Israel fazem ataques mútuos há mais de um ano, depois que o grupo islâmico xiita que atua no Líbano declarou apoio ao ataque feito pelo Hamas em 8 de outubro de 2023. No episódio, combatentes do grupo terrorista fizeram massacre e reféns no sul de Israel. O país, então, declarou guerra ao Hamas.
No final de setembro, Israel expandiu sua campanha militar para o Líbano, bombardeando pesadamente o sul e o leste do país, além dos arredores do sul da capital. Israel também fez incursões terrestres ao longo da fronteira. Afif realizou várias conferências de imprensa para jornalistas entre os escombros nos subúrbios do sul da capital.
Em declarações que integram trechos de um livro divulgados neste domingo pelo jornal italiano Stampa, o papa Francisco sugeriu que é preciso refletir se a atuação militar de Israel em Gaza constitui um genocídio contra o povo palestino. Trata-se de uma das críticas mais explícitas do pontífice até agora sobre a conduta de Israel no conflito.
Na fala, Francisco afirma que alguns especialistas internacionais dizem que "o que está acontecendo em Gaza tem as características de um genocídio". "Devemos investigar cuidadosamente para avaliar se isso se encaixa na definição técnica [de genocídio] formulada por juristas e organizações internacionais", disse o papa em trechos do livro, que deve ser publicado em breve.
Em dezembro passado, a África do Sul acusou Israel de descumprir a Convenção Internacional contra o Genocídio em sua campanha militar na Faixa de Gaza em processo na Corte Internacional de Justiça (CIJ), mais conhecida como Corte de Haia.
Também neste domingo, Israel realizou nova incursão à Faixa de Gaza. Dezenas de palestinos foram mortos e feridos durante ataque a um prédio residencial de vários andares que abrigava pelo menos seis famílias na cidade de Beit Lahiya, no norte da Faixa de Gaza, de acordo com médicos e moradores.
A Defesa Civil Palestina informou que cerca de 70 pessoas estavam no imóvel, mas o escritório de mídia do governo de Gaza, controlado pelo Hamas, informou que o número de mortos foi de 72.
O Exército Israelense afirmou que vários ataques foram realizados durante a noite em "alvos terroristas" em Beit Lahiya mas tomando medidas para evitar danos a civis.