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Atleta afegã recebe 3 mil ameaças de morte em 48h por contestar lei do Talibã que proíbe mulheres de falarem em público

Marzieh Hamidi, ex-campeã de taekwondo do Afeganistão, defende ativamente os direitos das mulheres nas redes sociais

Por Da Redação
Ás

Atleta afegã recebe 3 mil ameaças de morte em 48h por contestar lei do Talibã que proíbe mulheres de falarem em público

Foto: Reprodução/Redes Sociais @marziehhamidi.oficial

A ex-campeã de taekwondo do Afeganistão, Marzieh Hamidi, recebeu cerca de três mil ligações de ameaças em 48 horas, após criticar as restrições do Talibã, impostas no mês de agosto, que proíbem mulheres de falarem em público.

As ameaças começaram no dia 1º deste mês e Marzieh realizou uma queixa no dia três, que especifica os crimes de compartilhamento de informações privadas, ligações telefônicas maliciosas, ameaças de morte, estupro, assédio online e assédio sexual online.

A justiça da França abriu investigação sobre o caso e colocou a atleta sob proteção policial por um período indefinido.

“O primeiro telefonema veio do Afeganistão. Uma voz em afegão me disse que ele sabia meu endereço em Paris. Recebi ameaças de morte e estupro porque me oponho aos terroristas e àqueles que os apoiam. Eles me disseram que não podem levantar a voz no Afeganistão, e querem que eu seja a voz deles”, disse Marzieh em entrevista ao jornal Le Point.

Refugiada na França desde o retorno do Talibã ao poder, em 2021, Marzieh se manifesta ativamente nas redes sociais contra o regime. As postagens com a hashtag #LetUsExist - ou na tradução livre "Deixem-nos existir" -, foram os motivos das ameaças.

“Quero que os terroristas que me ameaçam de morte sejam identificados e julgados em tribunal, para que eu possa viver livremente, sem medo e em plena segurança”, disse Hamidi em comunicado enviado à AFP.

Lei de "Propagação da Virtude"

No dia 22 de agosto, o Afeganistão promulgou uma lei que exige o uso do véu islâmico, o hijab, para cobrir o rosto de mulheres, e condena a proclamação em público da voz da mulher como uma "violação da modéstia". Esta é oficialmente a interpretação mais rigorosa da lei islâmica no país.

A justificativa do regime é que a voz de uma mulher é algo íntimo, e que por isso elas não devem cantar, declamar ou ler em voz alta. Outras proibições incluem adultério, homossexualidade, jogos de azar, brigas de animais, criação ou visualização de imagens de seres vivos no computador ou celular.

A chefe da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA), Roza Otunbayeva, definiu a lei como uma “visão angustiante para o futuro” do país. Em comunicado, ela advertiu que a norma amplia “as restrições já intoleráveis ​​aos direitos das mulheres e meninas afegãs”.

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