Auditor do TCU diz à CPI que documento sobre Covid-19 era informal e foi alterado
Alexandre Marques foi afastado do cargo após repercussão do texto

Foto: Agência Senado
O auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), Alexandre Marques, disse nesta terça-feira (17), em depoimento à CPI da Pandemia, que redigiu um documento preliminar sobre a superestimação dos dados de mortes pelo novo coronavírus no país, sem timbre ou cabeçalho do tribunal, a partir de dados de óbitos no Portal da Transparência do Registro Civil.
Segundo ele, a intenção do documento era provocar um debate dentro do órgão. Em depoimento, o autor disse ainda que o documento foi compartilhado em formato Word dentro da área de postagens da equipe do TCU no Microsoft Teams e, por escrito, ele pediu que os colegas ficassem à vontade para comentar, criticar ou mesmo ignorar o que ele havia escrito. Ele disse, entretanto, que o debate não avançou.
O texto também foi enviado pelo servidor por WhatsApp ao pai dele, o coronel da reserva Ricardo Silva Marques, a quem ele se referiu como um confidente. Ainda na comissão, Alexandre Marques contou que o pai dele teria encaminhado o arquivo ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de quem é amigo e ex-colega de turma na Academia Militar das Agulhas Negras.
“A falsificação foi constatada após chegar ao presidente. Eu recebi uma versão já em PDF [que não permite edição] deste arquivo, com o TCU mencionado no cabeçalho. Meu pai recebeu o arquivo em Word e mandou para o presidente. Foi usado indevidamente”, detalhou Alexandre ao colegiado.
Em junho, Bolsonaro disse que teve acesso a um relatório oficial do TCU que concluía que a maior parte das mortes apontadas como decorrentes da pandemia seria na verdade em virtude de outras doenças. Na época, o presidente sugeriu que dados superestimados da Covid-19 estariam sendo divulgados por estados interessados em receber mais verbas para o combate à pandemia. Diante da repercussão da declaração, o TCU informou que não é o autor do estudo e afastou o auditor do cargo.