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Aumento de tremores de terra pode estar relacionado com atividades humanas, diz coordenador do LabSis

Cidade de Jacobina lidera lista das 32 ocorrências registradas na Bahia neste ano

Ás

Aumento de tremores de terra pode estar relacionado com atividades humanas, diz coordenador do LabSis

Foto: Divulgação

Não há uma pessoa que não tenha presenciado ou escutado falar sobre tremores de terra na Bahia neste ano. Cidades como Maraú e Jacobina, no interior do estado, e até Dias D'Ávila, na região metropolitana de Salvador, têm relatado casos que assustaram muitos moradores que nunca vivenciaram um terremoto, apontado como sinônimo de tremor de terra do ponto de vista sismológico. 

Só de janeiro a 1º de maio deste ano, a Bahia registrou 32 ocorrências de tremor de terra em 15 cidades e com magnitudes (indicador que detecta a força do tremor) que variaram de 1.7 a 2.1, de acordo com dados do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN).

Em entrevista ao Farol da Bahia, o coordenador do LabSis, Aderson Nascimento, explicou se o aquecimento global ou algumas atividades humanas podem estar conectadas com a incidência de tremores de terra no estado.
 
“Não é que o aquecimento global está provocando mais terremotos, não é uma correlação de causa-efeito direta, mas a gente sabe que certas atividades humanas provocam terremoto, como enchimento de barragem, atividades de mineração e alguns tipos de exploração de petróleo", pontuou o coordenador, que também é professor titular do Departamento de Geofísica da UFRN.

Inclusive, a questão da mineração pode ser um dos principais fatores para que a cidade de Jacobina, no norte da Bahia, lidere os registros de tremores de terra neste ano. Ao todo, foram dez de janeiro a abril, sendo que um deles teve magnitude máxima de 2.7, a maior entre as cidades afetadas. 

"No caso de Jacobina, a gente tem detectado sismicidade e há hipótese também de que como é uma região de mineração, ela pode estar associada aos terremotos [...] E o que a gente faz com isso? Fecha as mineradoras? Não acho que essa seja a solução. Acho que se tem que gerenciar o risco, ter monitoramento, ter esclarecimento para a população. A gente reconhece que a atividade minerária é importante para a região [...] e esse tipo de atividade tem que ser feita com muita transparência", sugeriu o especialista.

Apesar de ser comum em cidades do interior, os tremores de terra não são tão expressivos na capital baiana, segundo pontuou Aderson, que explicou também que os tremores estão diretamente relacionados com falhas geológicas e deu como exemplo a curiosa e chamada “Falha de Salvador”, que compreende os níveis que separam a capital baiana em cidade Alta e Baixa. Um estudo do Serviço Geológico do Brasil aponta que essa falha mede cerca de seis mil metros e abrange toda a camada tectônica da Baía de Todos-os-Santos. No entanto, Aderson garante que essa falha já está “adormecida” e não há riscos para a cidade. 

A "Falha de Salvador" mede cerca de seis mil metros e divide a cidade em Alta e Baixa | Ilustração: Serviço Geológico do Brasil 

No Brasil tem terremoto?

Pode até ser impensável ter um terremoto no Brasil -como já cantava Cláudia Leitte na música “Insolação do Coração”-, mas a ocorrência de tremores de terra no país é mais comum do que se imagina, como garante o coordenador do LabSis. Só no Nordeste do Brasil, a cada cinco ou seis anos, há o registro de tremores com magnitude que chegam a 5. Apesar de ser mais incomum para a Bahia, no ano passado, o estado teve um tremor de magnitude 4.6, que foi o mais próximo dessa escala. Os casos aconteceram nas regiões do Vale do Jiquiriçá e do recôncavo baiano.

Aderson também acredita que esse aumento de casos se deve à ampliação da tecnologia por parte da população e do monitoramento de tremores por pesquisadores.

"Uma impressão que a gente tem é que nos últimos 10 anos a sismicidade está aumentando, o que não necessariamente é verdade. O que eu acho que está acontecendo é que a gente está monitorando melhor a sismicidade. E o segundo aspecto é que a população hoje em dia está muito mais conectada. Certas situações e repercussões em alguns lugares passariam despercebidas a 20 ou 30 anos atrás".

Cuidados em casos de tremores de terra

Como a maioria dos tremores na Bahia geralmente não passa de magnitude 3, o coordenador disse que os principais riscos são quedas de objetos e de telhados, por exemplo. Para evitar que as pessoas sofram acidentes, ele recomenda que a população se esconda embaixo de mesas para evitar que sejam atingidas e feridas por objetos. Ele ressalta que o mais essencial, após o tremor, é ligar para a Defesa Civil, responsável por dar suporte nesses tipos de situação.

“Para as magnitudes que temos observado na Bahia, que é a magnitude 3, o risco maior é de queda de objetos sobre as pessoas, como telhas e coisas em armários. O ideal é as pessoas se esconderem embaixo da mesa para evitar alguma queda de objeto. Depois que a situação se acalmar, as pessoas devem ligar para a Defesa Civil, que é o órgão que dá assistência nesse tipo de situação”, recomendou.

Em Salvador, a Defesa Civil atende pelos números de emergência 199 ou 156, do canal de atendimento ‘Fala Salvador’.

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