Auxiliar de Trump aponta déficit comercial para justificar tarifa de 50% sobre o Brasil
Republicano tem notificado oficialmente países desde o dia 7 sobre a implementação de tarifas unilaterais

Foto: Reprodução/ABC News
O diretor do Conselho Econômico Nacional dos Estados Unidos, Kevin Hassett defendeu, neste domingo (13), as tarifas de 50% impostas pelo presidente Donald Trump sobre os produtos importados do Brasil.
Na análise de Hassett, Trump tem autoridade para determinar as tarifas se considerar que há uma ameaça à segurança nacional, já que, segundo ele, os EUA têm um “enorme déficit comercial” que coloca o país em risco caso precise de produção nacional.
“O ponto principal é que o que estamos fazendo de forma absoluta e coletiva em todos os países é transferir a produção para os EUA para reduzir a emergência nacional. Essas tarifas são reais se o presidente não conseguir um acordo que considere bom o suficiente”, disse em entrevista à emissora americana ABC News.
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Desde a última segunda-feira (7), Trump passou a notificar oficialmente países sobre a implementação de tarifas unilaterais na importação de produtos e bens. Ao todo, 26 parceiros foram taxados.
No caso do Brasil, Trump anunciou as tarifas na quarta-feira (9). Como justificativa, o republicano citou o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e afirmou que os EUA têm déficit na relação comercial com o Brasil.
"Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de políticas tarifárias e não tarifárias do Brasil, causando esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Este déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional", escreveu Trump.
No entanto, segundo dados do Comex Stat, sistema do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, desde 2000 o Brasil não apresenta superávits na relação, com saldo negativo desde 2009.
Nos dados parciais de 2025, a vantagem americana é de US$ 1,6 bilhão. Em pronunciamento, o presidente Lula destacou os números e disse que a afirmação de Trump não era verdadeira.
“É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos”, disse Lula.
Pouco antes do anúncio de Trump, o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin ressaltou os números dos dois países. "Os Estados Unidos têm realmente um déficit de balança comercial; mas, com o Brasil, têm superávit de balança comercial. Então o Brasil não é problema", afirmou.
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