Bahia é o estado do Nordeste com maior número de meninos e meninas fora da escola, aponta Unicef
Em 2020, 844 mil crianças e adolescentes de 6 a 17 anos não frequentavam a sala de aula
Foto: Ravena Rosa/Agência Brasil
Segundo dados da pesquisa Cenário da Exclusão Escolar no Brasil - um alerta sobre os impactos da pandemia da COVID-19 na educação, publicada pelo UNICEF, a Bahia é o estado do nordeste com maior número de meninos e meninas fora da escola. Em 2020, 844 mil crianças e adolescentes de 6 a 17 anos não frequentavam a sala de aula, o que equivale a 30,7% da população nesta faixa etária.
O número é mais de 10 vezes maior que o registrado no ano anterior, 2019, quando pouco mais de 77 mil crianças e adolescentes baianos - 2,5% da população nesta faixa etária - não tinham seu direito à educação garantido.
Exclusão
O Brasil vinha avançando, lentamente, no acesso de crianças e adolescentes à escola nos últimos anos. Mas a pandemia de Covid-19 trouxe uma regressão de duas décadas. Em novembro de 2020, mais de 5 milhões de meninas e meninos não tiveram acesso à educação no Brasil, de acordo com estudos lançados pelo UNICEF. A pesquisa indicou que quase 1,5 milhão de estudantes não frequentavam a escola (remota ou presencialmente) e outros 3,7 milhões que estavam matriculados, não tiveram acesso a atividades escolares e não conseguiram se manter aprendendo em casa.
Para fortalecer as estratégias municipais de enfrentamento ao abandono e exclusão escolar e garantir a aprendizagem, técnicos de municípios do semiárido baiano se reúnem com representantes do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), e seu parceiro técnico Centro Dom José Brandão de Castro (CDJBC), nesta terça-feira, 30, durante o Encontro da Educação no Selo UNICEF - Políticas públicas para crianças e adolescentes. O evento acontece em Salvador, das 8h às 16h, no Instituto Anísio Teixeira (IAT), localizado na Estrada da Muriçoca, s/n, São Marcos.
O encontro de Salvador é o último de três eventos na Bahia realizados com o mesmo propósito. Feira de Santana e Vitória da Conquista também realizaram a capacitação. Ao todo, os encontros contam com a participação de representantes de cerca de 236 municípios baianos.
O evento reunirá técnicos das áreas de saúde e educação engajados no Selo UNICEF e na Busca Ativa Escolar, a fim de compartilhar experiências, realizar estudos de caso e aprofundar o aprendizado sobre as metodologias das duas estratégias com vistas a atuar nos municípios para reduzir desigualdades e garantir direitos de crianças e adolescentes. Evasão escolar, qualidade da educação infantil, importância da busca ativa vacinal, desenvolvimento da primeira infância e da proteção contra violências são alguns dos temas abordados no evento.
Busca ativa escolar
A Busca Ativa Escolar é uma estratégia que tem o objetivo de apoiar os governos na identificação, registro, controle e acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão. Por meio da iniciativa, municípios e estados têm dados concretos que possibilitam planejar, desenvolver e implementar políticas públicas que contribuam para a garantia de direitos de meninas e meninos.
A estratégia é composta por uma metodologia social e uma ferramenta tecnológica disponibilizadas gratuitamente para estados e municípios. Ela foi desenvolvida pelo UNICEF, em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e com apoio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
Em todo o Brasil, 29 encontros têm acontecido em 18 estados integrantes das regiões do semiárido e Amazônia brasileiros, reunindo mais de 5 mil técnicos de 2 mil municípios. Os encontros presenciais fazem parte da metodologia do Selo UNICEF que também inclui capacitações remotas e compartilhamento de conteúdo e instrumentos de forma contínua ao longo da edição.