Bahia: mais de 800 casos de câncer de pele deixaram de ser diagnosticados na pandemia
Segundo levantamento da SBD, pessoas acima dos 60 anos foram as mais prejudicas
Foto: Gabriel Jabur/ Agência Brasília
Um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) apontou que durante o momento mais crítico da pandemia da Covid-19, no ano de 2020, foram realizados 818 diagnósticos a menos do câncer de pele na Bahia. O número é comparado ao período de 2019, que representa uma queda de 40%.
No Brasil, ao longo de 2020, estima-se que 17.227 diagnósticos deixaram de ser realizados, o que significa uma queda de 24,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
De acordo com o SBD, isso significa que milhares de casos de câncer de pele potencialmente devem iniciar seus tratamentos com atraso ou ainda nem foram descobertos pelos médicos, o que tem impacto direto nas chances de recuperação e cura dos pacientes. Em 2021, nos seis primeiros meses do ano (de janeiro a junho), percebe-se um movimento de retomada gradual do volume de atendimentos, contudo os números ainda são inferiores aos registrados na etapa pré-pandemia.
Contaminação
Na avaliação dos especialistas da SBD, a retração do número de diagnósticos em 2020 tem relação com a covid-19. Por conta do receio de contaminação pelo coronavírus, suspeitando que ele estaria mais presente nos ambientes ambulatoriais ou hospitalares, milhares de pessoas postergaram seus exames e consultas. Além disso, inúmeros serviços de saúde reorientaram suas agendas, restringindo o acesso de pacientes ou mesmo limitando seus atendimentos aos casos de covid-19.
De acordo com os números analisados pela SBD, com a consultoria da 360° CI, em 2020 foram realizados 52.527 diagnósticos para melanoma maligno da pele e outras neoplasias malignas da pele em todo o país. Este número é 24,7% menor do que os 69.754 notificados em 2019. Os piores índices foram observados em abril e maio do ano passado (meses imediatamente após a decretação de calamidade pública no País) com uma queda de -51,7% e -57%, respectivamente, em termos de detecção.
Ao apurar os dados sob a perspectiva da idade dos pacientes, as faixas etárias mais prejudicadas foram as que estão a partir dos 60 anos. As informações oficiais indicam que nestes grupos o déficit chegou a 11.906 casos absolutos na comparação entre 2020 e 2019.
Contudo, deve-se ressaltar que do ponto de vista proporcional a maioria dos seguimentos apresentou comportamento semelhante, com destaques para os grupos de 0 a 19 anos (-30%); 30 a 34 anos (-28,8%); e 75 a 79 anos (-27,6%). Separados por sexo, o número de diagnósticos sofreu queda de 26% entre as mulheres e de 23% entre os homens.
Estados com maior número reduzido de casos
Os estados com maior redução no número de notificação de diagnóstico do câncer de pele foram: São Paulo (-4.115), Paraná (-2.838) e Rio Grande do Sul (-2395). Em termos percentuais, se destacam o Piauí, com queda de 46%, Mato Grosso (-43%) e Mato Grosso do Sul (-42%). Por outro lado, houve aumento de diagnósticos em oito estados, com números significativos em Amazonas, Rondônia e Sergipe.
No entanto, a SBD ressalta que os números podem não expressar a realidade epidemiológica no País, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Isso ocorre devido aos problemas de atualização das bases de dados existentes, o que sugere um quadro de subnotificação.
Em 2021, os números (dados/índices) ainda não superaram os anteriores à pandemia, levando-se em conta sobretudo os registros dos meses de abril, maio e julho. Contudo, no confronto com o que foi realizado em 2019, os números ainda estão 24% menores em termos globais.