Bairros populares de Salvador estão mais vulneravéis à Covid-19 devido ao número de habitantes por metro quadrado, diz professor
Segundo IBGE, Salvador tem média de pouco menos de três habitantes por casa
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O período de quarentena em Salvador já dura pouco mais de um mês, e a redução de circulação de pessoas na rua segue sendo uma das maneiras de diminuir o risco de contração e disseminação do novo coronavírus (Covid-19).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), senso de 2018, Salvador tinha 2,857 milhões de pessoas vivendo em 1,041 milhão de domicílios, o que dá uma média de pouco menos de três habitantes por residência.
Em entrevista ao G1, o doutor em Geografia e professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Clímaco Dias, afirma que esse é um "dado forte", mas precisa ser combinado com outros números.
“A ideia que você precisa descartar é a que muitos especialistas estão trabalhando, que é a média de moradores por domicílio. Ela é um tanto quanto inútil porque ela equaliza algo que não pode ser equalizado, que é o tamanho do domicílio. Qual o significado de ter quatro pessoas que moram em um apartamento de quatro quartos, comparado com quatro pessoas que moram em uma casa com um quarto? É completamente diferente”, disse.
Para Clímaco, mais importante do que a quantidade de habitantes em uma residência, é a densidade bruta, que é a soma das áreas públicas e privadas em um determinado bairro. Ou seja, se o assunto é o risco de disseminação do coronavírus, é preciso estar atento ao número de habitantes por quilômetro quadrado.
“Para se ter uma ideia, a Pituba tem 12 mil habitantes por quilômetro quadrado. A Santa Cruz tem 45 mil. Em relação ao coronavírus, um bairro que tem a densidade bruta de 45 mil, as pessoas correm muito mais risco quando vão às compras do que a população de um bairro com 12 mil", alertou o professor.