Barroso pede respeito entre as pessoas que se posicionam diferente na política
Segundo ele, os brasileiros precisam 'construir consensos mínimos' e respeitar as diferenças
Foto: Nelson Jr./SCO/STF/
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, participou da abertura da Fenalaw 2022, o maior evento de inovação, gestão e tecnologia do mundo jurídico na América Latina, e em seu discurso, citou três episódios importantes que marcaram a sua vida: a morte do jornalista Vladimir Herzog em 1976, o atentado no Rio-Centro em 1981 e a campanha pelas Diretas Já em 1984.
Na sequência, ele pontuou que existem problemas na Constituição Federal que precisam melhorar, como o sistema eleitoral para a eleição do Congresso Nacional e Assembleias Legislativas.
“É um sistema eleitoral de voto proporcional de lista aberta, que eu acho que não funciona bem para o país. Ele é muito caro, tem baixa representatividade, dificulta a governabilidade e provoca um descolamento entre a classe política e a sociedade civil. Acho que nós precisamos repensar essa matéria. E, como último ponto negativo, eu destacaria que o Brasil tragicamente é um dos países mais violentos do mundo, com índice de mortalidade superior ao dos países por perto. Portanto, nós não podemos fechar os olhos para a intensidade da violência que existe no Brasil”, disse.
Barroso ainda comentou sobre os problemas crônicos e estruturais que o Brasil enfrenta e que as ideia podem ser divergentes, mas que as pessoas devem se respeitar quando o assunto é política. “Essa ideia de que quem pensa diferente de mim só pode estar servindo a algum interesse escuso não é uma forma civilizada e ética de viver uma vida boa. Nós precisamos construir consensos mínimos e tratar com respeito a divergência. As ideias devem brigar, mas não as pessoas. As pessoas podem se tratar com respeito e consideração mesmo na divergência. Nós precisamos dar um salto civilizatório no Brasil nessa matéria", acrescentou.