Boletim Focus: previsão de mercado aponta aumento na inflação e ajustes na taxa Selic
Projeção de expansão da economia é de 2,15% este ano, diz BC
Foto: Rafa Neddermayer/Agência Brasil
A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil, subiu de 4% para 4,05% em 2024, conforme divulgado no Boletim Focus desta segunda-feira (22).
Para 2025, a estimativa de inflação se mantém em 3,9%. Já para 2026 e 2027, as previsões são de 3,6% e 3,5%, respectivamente. A previsão para 2024 está acima da meta de inflação, que é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A partir de 2025, o sistema de meta contínua será implementado, eliminando a necessidade de definir uma meta de inflação anual. Em junho, o CMN fixou a meta contínua em 3%, também com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Em junho deste ano, o IPCA registrou uma alta de 0,21%, influenciada principalmente pelos preços de alimentos e bebidas, após uma elevação de 0,46% em maio. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a inflação acumulada em 12 meses é de 4,23%.
Juros básicos
Para atingir a meta de inflação, o Banco Central utiliza a taxa básica de juros, a Selic, atualmente fixada em 10,5% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A recente alta do dólar e o aumento das incertezas econômicas levaram o BC a interromper o ciclo de cortes na Selic, que vinha ocorrendo há quase um ano. Na última reunião, em junho, a Selic foi mantida no patamar atual após sete reduções consecutivas.
De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em resposta ao aumento dos preços de alimentos, energia e combustíveis. Entre agosto de 2022 e agosto de 2023, a Selic foi mantida em 13,75% ao ano. Com o controle dos preços, o BC iniciou cortes na taxa.
Antes do ciclo de alta, a Selic havia sido reduzida para 2% ao ano, o menor nível desde 1986, em resposta à contração econômica gerada pela pandemia de COVID-19, com o objetivo de estimular a produção e o consumo.
O mercado financeiro prevê que a Selic permaneça em 10,5% ao ano até o final de 2024. Para o fim de 2025, a expectativa é que a taxa básica caia para 9,5% ao ano, e para 2026 e 2027, a previsão é de redução para 9% ao ano.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, encarecendo o crédito e estimulando a poupança, o que pode levar à desaceleração da economia. Por outro lado, a redução da Selic tende a baratear o crédito, incentivando a produção e o consumo, mas também pode reduzir o controle sobre a inflação.
PIB e câmbio
A previsão do mercado financeiro para o crescimento da economia brasileira em 2024 subiu de 2,11% para 2,15%. Para 2025, a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é de 1,93%, e para 2026 e 2027, a projeção é de um aumento de 2% ao ano.
Em 2023, a economia brasileira superou as expectativas, crescendo 2,9% e alcançando um valor total de R$ 10,9 trilhões, conforme dados do IBGE. Em 2022, o crescimento foi de 3%.
A previsão para a cotação do dólar é de R$ 5,30 para o final deste ano e de R$ 5,23 para o final de 2025.