Bolsa Família volta a ter fila de espera e passa de zero para 500 mil inscritos em um ano

Em um ano o programa governamental Bolsa Família voltou a enfrentar um antigo problema. Desde junho, a fila de pessoas que aguardam pelo benefício passou de zero, número que se encontrava desde 2018, para 494.229 família. A espera é a maior desde 2015, quando mais de 1,2 milhão de famílias aguardavam o benefício. Os dados foram obtidos pelo GLOBO, por meio da Lei de Acesso à Informação. 

Entre janeiro de 2018 e maio de 2019, a média mensal de novos benefícios concedidos era de 261.429. Desde junho, esse número caiu, e hoje está em 5.667. Em nota, o Ministério da Cidadania afirmou que a redução de benefícios se deu por questões orçamentárias e combate a fraudes, e cita ainda uma reformulação do programa, em curso na Esplanada. 

Com a redução, as família que deveriam aguardar a entrada no programa em 45 dias após a análise de dados inseridos, o tempo de espera passou para mais de seis meses, segundo técnicos que trabalham no setor. 

Em maio do ano passado, 14,2 milhões de famílias recebiam um rendimento médio de R$ 190. Desde então, apesar de no mesmo ano o governo ter concedido o 13º salário, o programa vem encolhendo mês a mês, tendo atingido em dezembro o menor patamar de famílias beneficiárias desde 2011: 13,1 milhões.

Esse ressurgimento da fila ocorre em um momento crítico no combate à pobreza. Em 2018, o número de miseráveis (considerados aqueles que vivem com menos de R$ 145 por mês) bateu recorde: 13,5 milhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Somente durante a crise econômica, mais de 4,5 milhões de brasileiros foram empurrados para essa situação, um aumento de 50% em quatro anos.