Bolsonaro abraça mãe de pichadora em ato na Paulista e faz críticas ao STF e Lula
'Se acham que vou desistir e fugir, estão enganados', afirmou o ex-presidente em discurso

Foto: Reprodução/YouTube
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 durante ato na tarde deste domingo (6), na avenida Paulista, em São Paulo.
Ele chamou ao trio elétrico a mãe e a irmã de Débora Rodrigues, cabeleireira que ficou presa por dois anos depois de ter pichado a estátua da Justiça nos ataques do 8 de janeiro. Débora, ré acusada de tentativa de golpe de Estado, está em prisão domiciliar há dez dias.
"Não tenho adjetivo para qualificar quem condena uma mãe de dois filhos a uma pena não tão absurda por um crime que ela não cometeu. Só um psicopata para falar que aquilo que aconteceu no dia 8 de janeiro foi uma tentativa armada de golpe", disse.
Ele chamou ainda de "suplício" a situação da acusada e reclamou de penas "a pessoas humildes, por um crime impossível".
Bolsonaro falou em inglês em um breve trecho do discurso, citando os casos de um pipoqueiro e de um sorveteiro alvos de processo.
Depois, acusou o Judiciário de beneficiar o hoje presidente Lula na campanha de 2022, chamando de "mão pesada". Também citou medidas de seu governo, elogiando a própria gestão.
Ele voltou a ironizar o uso do avião da FAB por Alexandre de Moraes às vésperas da final do Campeonato Paulista, no fim de março. "Tem que fazer que nem eu e viajar em voo de carreira", declarou.
O discurso durou cerca de 25 minutos. "Se eu estivesse no Brasil, seria preso na noite de 8 de janeiro [de 2023]", disse ele.
Afirmou também: "Se acham que vou desistir e fugir, estão enganados. Defender minha pátria com o sacrifício da minha vida. O que os canalhas querem não é me prender de verdade, é me matar. Eu sou um espinho na garganta deles.
Mostrei a eles que o Brasil tem jeito. Um caipira do Vale do Ribeira chegou na Presidência. Só Deus explica como".
O ato deste domingo reuniu mais autoridades do que o realizado em Copacabana e contou com a participação de sete governadores: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Jr (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Jorginho Mello (PL-SC), Mauro Mendes (União-MT) e Wilson Lima (União-AM). No Rio, apenas Tarcísio, Castro, Jorginho e Mendes participaram.
Bolsonaro acenou a Caiado, dizendo que o aliado também foi condenado a inelegibilidade a decisão foi em primeira instância e cabe recurso.
Disse que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) terá um perfil "de isenção e poderemos confiar na decisão do ano que vem", em uma referência à presidência de Kassio Nunes Marques, indicado pelo ex-presidente ao STF.
Também fez uma menção ao filho Eduardo Bolsonaro, deputado licenciado do PL-SP. "Hoje faltou um filho meu aqui. O 03. Fala inglês, espanhol e árabe. Tem contato com pessoas importantes lá nos Estados Unidos."
Bolsonaro também elogiou o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, conhecido pela política de linha-dura na segurança, e o americano Donald Trump, que na última semana anunciou um tarifaço que incluiu o Brasil. Citou ainda a francesa Marine Le Pen, líder da ultradireita no país e que ficará inelegível por cinco anos por decisão da Justiça local.