Bolsonaro ordenou que fossem inseridos dados falsos de vacina em sistema, afirma Cid
Mauro Cid revelou que recebeu as ordens em 2021

Foto: Lula Marques/Agência Brasil
O tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, declarou, em delação premiada, que atendeu as ordens do então presidente para adicionar dados falsos de vacinação contra a covid-19. O intuito era adquirir certificados de vacinação adulterados em nome de Bolsonaro e de sua filha, já que o ex-presidente não se vacinou contra a doença.
O sigilo da delação de Mauro Cid foi derrubado, nesta quarta-feira (19), por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
No depoimento dado à Polícia Federal (PF), em agosto de 2023, Cid declarou que a solicitação de Bolsonaro foi realizada após o então presidente descobrir que seu ajudante de ordens tinha conseguido, para si próprio e sua família, cartões de vacinação através da inserção de dados falsos no sistema, Conecte SUS, em 2021.
Cid, que dirigia a conta do Conecte SUS de Bolsonaro, revelou que após adicionar os dados, imprimiu os dois cartões (de Bolsonaro e da filha) e os entregou, nas mãos do ex-presidente.
De acordo com Cid, o intuito de ter um cartão falso era utilizá-lo se houvesse necessidade, como no caso de viagens internacionais, em que a apresentação do documento ainda era requisito obrigatório para adentrar em alguns países. O delator ainda comunicou que os dados foram apagados do sistema após a impressão dos cartões.
Algum tempo antes de deixar a Presidência, Bolsonaro viajou para os Estados Unidos, no dia 30 de dezembro, com a esposa e a filha. Porém, como ele viajou com passaporte diplomático, não era necessário, segundo as regras norte-americanas, apresentar um cartão de vacinação contra a covid-19.