Bolsonaro retorna aos palanques em evento do agronegócio em São Paulo
Ex-presidente mira empresários do setor e ataca MST, enquanto se impõe como líder da oposição ao governo Lula
Foto: agência brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fará sua reestreia no palanque da oposição durante a abertura da tradicional feira agro, Agrishow, em Ribeirão Preto, ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na próxima segunda-feira (1º/5). Bolsonaro usará o evento para enfatizar suas diferenças com o governo Lula e se impor como líder da oposição. O evento é uma oportunidade para Bolsonaro afagar empresários do setor agro, que o apoiaram em peso na eleição de 2022, e atacar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que tem promovido ocupações de terras no chamado “abril vermelho”.
A escolha de São Paulo como palco do retorno de Bolsonaro aos palanques não foi por acaso, já que é o maior colégio eleitoral do país e onde o ex-presidente recebeu mais votos na eleição passada. O estado também elegeu o governador Tarcísio de Freitas, ex-ministro de Bolsonaro, que foi lançado candidato por ele e derrotou o atual ministro da Fazenda de Lula, Fernando Haddad (PT). Tarcísio já declarou publicamente sua “gratidão” pelo ex-presidente por causa da aposta eleitoral.
O discurso de Bolsonaro na Agrishow vai mirar o MST, que será alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados por causa das ocupações de terra e denúncias de extorsão envolvendo ex-integrantes. Empresários do setor agro, que ajudaram a financiar a campanha de Bolsonaro, enxergam no governo Lula um risco às suas propriedades. O receio deles deve ser utilizado por Bolsonaro como justificativa para se opor ao decreto de Lula que limita o registro e a compra de armas de fogo. No discurso, o ex-presidente pretende defender o direito dos fazendeiros em possuir armas para proteger suas propriedades.
Porém, o governo federal é um dos principais patrocinadores da Agrishow, mas o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), não deve participar do evento. O presidente da feira, Francisco Maturro, admitiu ter avisado Fávaro de que um eventual encontro com Bolsonaro no dia 1º de maio poderia ser constrangedor. Fávaro alegou ter se sentido “desconvidado” da abertura do evento após Matturro ter sugerido que ele comparecesse em outra data para evitar uma saia-justa.
