Brancos vão mais a museus, pretos a shows e amarelos ao cinema no Brasil, diz estudo
Os dados são do levantamento "Cultura nas Capitais", realizado pela JLeiva Cultura & Esporte
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A cor da pele de uma pessoa influencia seu acesso à cultura no Brasil. Enquanto pessoas brancas frequentam mais atividades culturais, pardos ou indígenas enfrentam barreiras. Os dados são de um dos maiores levantamentos sobre o tema já feito no país, "Cultura nas Capitais", realizado pela JLeiva Cultura & Esporte.
Foram entrevistadas mais de 19 mil pessoas nas capitais estaduais e no Distrito Federal, questionadas sobre suas atividades culturais nos últimos 12 meses. Padrões distintos de consumo cultural foram observados entre pessoas que se autodeclaram pretas, pardas, amarelas e indígenas.
Enquanto brancos lideram acesso em sete das 14 categorias avaliadas, notadamente museus (32%), bibliotecas (28%) e teatros (29%), pessoas pretas frequentam mais shows (44%), festas populares (39%) e espetáculos de dança (27%).
Pessoas pretas têm o maior interesse em frequentar atividades, apesar do acesso limitado; o público amarelo tem maior acesso a video games (59%) e ao cinema (59%). Os menores índices pertencem aos pardos e indígenas. Entre os indígenas, metade dos entrevistados foi no máximo a duas atividades culturais nos 12 meses anteriores à pesquisa.
"Os dados evidenciam a exclusão de grupos historicamente marginalizados, mas também mostram onde há maior potencial de crescimento no acesso à cultura", afirma João Leiva, idealizador da pesquisa, em nota.
ACESSO À CULTURA EM SÃO PAULO
Na capital paulistana, 37% das pessoas praticaram alguma atividade ligada à cultura nos 12 meses anteriores à pesquisa. Apesar do índice alto, se comparada às outras capitais, cidade apresenta barreiras físicas e econômicas ao acesso.
As zonas norte, sul e leste, que concentram 89% da população, tem baixo índice de participação nos últimos meses. Mais de metade dos moradores destas regiões relataram precisar sair de seu bairro para realizar uma atividade cultural.
Nas zonas norte e sul, apenas 27% e 29%, respectivamente, visitaram museus. Já no centro, o número vai para 61%. As instituições mais frequentadas da cidade foram o Museu do Ipiranga (26%), o Masp (11%) e a Pinacoteca (9%). Cerca de dois terços (65%) das pessoas disseram que a entrada havia sido gratuita.
As atividades mais populares são a leitura (66%), seguida de video games (55%) e cinema (52%). Na música, o gênero eleito mais popular foi o sertanejo (40%), seguido da MPB (29%), rock (26%) e gospel (21%), e 85% dos entrevistas escutam nos celulares.
O arroz com feijão foi eleito como prato típico. O espaço cultural mais frequentado pelos moradores é o parque Ibirapuera e o evento mais citado, a Virada Cultural. Muitos nunca foram a espaços icônicos como o Theatro Municipal (46%) e o Masp (34%).
Comparado ao levantamento da JLeiva de 2017, realizado em 12 capitais, o acesso à cultura diminuiu na cidade de São Paulo. Cultura nas Cidades foi realizada com patrocínio do Itaú e do Instituto Cultural Vale por meio da Lei Rouanet. Também contou com a parceria da Fundação Itaú.