Michel Telles
Brasil chega a mil fábricas de cerveja
Há 10 anos, eram apenas 255
Por Michel Telles
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Foto: Divulgação
Pasmem! No mês passado, o setor da cerveja artesanal no Brasil alcançou um feito surpreendente. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) registrou na última semana a cervejaria de número mil no país. Isso significa que, só em 2019, foram 111 novas fábricas autorizadas em 150 dias – uma média de 22 ao mês. Para se ter uma ideia da expansão do segmento, o ano de 2009 terminou com 255 indústrias ativas. Em 10 anos, o número praticamente quadruplicou.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli, as marcas independentes que produzem cerveja artesanal são, claramente, as responsáveis por essa expansão. “As grandes fábricas multinacionais não anunciaram um número significativo de novas plantas neste período. Por outro lado, ganharam notoriedade, espaço de gôndola e conquistaram o consumidor as empresas que prezam por um produto de qualidade, com matérias-primas superiores e atributos sensoriais que essas marcas não entregam”, diz.
Os dados demográficos sobre esse número serão divulgados no anuário. Lapolli, no entanto, adianta que a maior concentração deve seguir no Sul e Sudeste, embora as outras regiões estejam despontando para o setor.
Histórico: boom se concentrou na última década
Pela análise quantitativa do Mapa, a explosão no número de cervejarias aconteceu na última década, de uma forma ainda mais intensa de cinco anos para cá. De 1999 até 2009, a quantidade de fábricas saltou de 192 para 255, registrando uma ampliação de 32,8%. Já de 2009 para 2019, o salto chegou a mil, um crescimento de 292,1%.
Desde 2014, a quantidade de cervejarias aumenta percentuais dois dígitos ao ano no Brasil. Só em 2018, foram 210 novas fábricas: 30,9% a mais do que em 2017.
De acordo com Lapolli, esses números refletem uma apuração no gosto do consumidor e a expansão da sua percepção sobre a bebida. “Até pouco tempo, quando se fala em cerveja, o brasileiro tinha apenas uma imagem: a bebida estupidamente gelada e de má qualidade. Hoje, a busca por itens diferenciados aumentou e o mercado começou a ver a cerveja artesanal com um potencial até então não explorado”, finaliza.