Brasil é o país com menor retorno de impostos para a qualidade de vida
Estudo revela que, apesar da carga tributária similar a países desenvolvidos, país fica na última posição em retorno para a sociedade
Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil
O Brasil enfrenta um desafio significativo na transformação de impostos em qualidade de vida, sendo classificado como o país com o menor retorno em relação à arrecadação, de acordo com a 12ª edição do Índice de Retorno ao Bem-Estar da Sociedade (IRBES), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). A pesquisa, que analisou 30 países, posicionou o Brasil na última colocação, evidenciando deficiências na gestão e alocação de recursos públicos.
Apesar da carga tributária brasileira se assemelhar à de nações desenvolvidas, o desempenho em termos de retorno para a sociedade é consideravelmente insatisfatório. O cálculo do IRBES combina 15% da carga tributária em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) com 85% do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), revelando lacunas na aplicação dos tributos em benefícios para a população.
O presidente do IBPT, João Eloi, destacou à Jovem Pan, a falta de direcionamento dos gastos públicos para setores essenciais, como educação, saúde, alimentação e infraestrutura. Eloi ressalta a importância de decisões políticas concretas para eleger prioridades que melhorem efetivamente a qualidade de vida da população.
A advogada tributarista Patrícia Fudo observa que o desempenho do Brasil reflete ineficiências na alocação de recursos tributários e na prestação precária de serviços públicos. Ela aponta a necessidade de uma gestão mais eficaz dos recursos arrecadados, priorizando áreas como saúde, educação e segurança para garantir direitos sociais fundamentais.
O estudo também avaliou o retorno ao bem-estar por estado, destacando que Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro apresentaram os melhores resultados, enquanto Alagoas, Rondônia e Amazonas ficaram nas últimas posições. A carga tributária nem sempre se traduziu em bem-estar social, evidenciando a importância da gestão eficiente dos recursos.
A análise geográfica e o gerenciamento dos recursos públicos são apontados como fatores determinantes para as diferenças entre os estados. João Eloi destaca que regiões mais desenvolvidas historicamente demonstram um melhor gerenciamento dos valores arrecadados.
Patrícia Fudo conclui ressaltando a necessidade de uma gestão tributária eficaz, direcionando recursos para áreas que impactem positivamente a qualidade de vida da população. A tributarista destaca que o IDH, embora limitado em sua abordagem, indica a necessidade de melhorias na aplicação de recursos tributários para áreas cruciais como saúde e educação em diferentes regiões do país.