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Brasil lidera desmatamento global com 43% do total em 2022, aponta relatório

Emissões de CO2 é equivalentes a 2,5 vezes as emissões anuais de combustíveis fósseis do país

Por Da Redação
Ás

Brasil lidera desmatamento global com 43% do total em 2022, aponta relatório

Foto: Polícia Federal/Gov.Br

De acordo com o Global Forest Watch (GFW), do World Resources Institute (WRI), o Brasil, mesmo possuindo 30% das florestas do mundo, foi responsável por 43% do desmatamento global no ano passado. Os dados, divulgados nesta terça-feira (27), revelam que a perda de 1,8 milhão de hectares resultou em emissões de dióxido de carbono (CO2) equivalentes a 2,5 vezes as emissões anuais de combustíveis fósseis do país.

O relatório baseado em imagens de satélite mostra que a destruição de florestas primárias na região dos trópicos, onde estão localizadas grandes florestas úmidas como a Amazônia, aumentou 10% em 2022 em relação ao ano anterior. No total, foram perdidos 4,1 milhões de hectares, o equivalente a 11 campos de futebol por minuto, resultando em emissões de CO2 de 2,7 gigatoneladas (Gt), número equivalente às emissões anuais de combustíveis fósseis da Índia.

Além do Brasil, a destruição de florestas primárias também aumentou em outros países, incluindo a República Democrática do Congo, Bolívia e Gana. Apenas Indonésia e Malásia conseguiram manter as taxas de perda de florestas primárias próximas aos níveis mais baixos já registrados entre os países com grandes áreas desse tipo de floresta.

Em 2022, a perda de florestas primárias aumentou 15% em 2022, sendo a maior parte concentrada na Amazônia. O país continua liderando o ranking global de nações com maior perda, mesmo possuindo 30% das florestas mundiais.

Segundo o coordenador de Ciência de Dados de Florestas do WRI Brasil,Jefferson Ferreira-Ferreira, as principais causas estão relacionadas à expansão da agricultura e pastagens, especialmente na região sudoeste da Amazônia, nos estados do Acre e Amazonas. Nessas áreas, as taxas praticamente dobraram nos últimos dois anos, representando um risco significativo, uma vez que são regiões com algumas das florestas mais preservadas do país.

Além dos impactos nas emissões de carbono, as chuvas regionais também são afetadas e pode levar ao ponto de não retorno, no qual grande parte do ecossistema se transformará em uma savana. A Amazônia Ocidental, em particular, tem visto um aceleramento da perda de florestas primárias. No Amazonas, que abriga mais da metade das florestas intactas do Brasil, a taxa de perda quase dobrou em apenas três anos. O Acre também registrou níveis alarmantes de desmatamento.

Para o WRI Brasil, a necessidade de ações imediatas para reverter essa situação, como o fortalecimento da fiscalização e aplicação de multas para conter os desmatamentos. Além disso, são necessárias ações estruturais de longo prazo que visem fortalecer a economia da região amazônica por meio do uso sustentável da floresta. 

Territórios indígenas na Amazônia brasileira também estão ameaçados pelo desmatamento. Os territórios Apyterewa (PA), Karipuna (RO) e Sepoti (AM) registraram níveis recordes de invasões de terra. O território indígena Yanomami (RR), que foi alvo de uma operação governamental para expulsar garimpeiros ilegais no início de 2023, também sofre com a perda de floresta primária devido à mineração. Embora apresentem taxas de desmatamento menores em comparação a terras não indígenas, os territórios indígenas representam os últimos refúgios de carbono na Amazônia.

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