Brasil perde quantidade de água potável suficiente para abastecer 63 milhões de pessoas
Dados de 2019 usados no levantamento mostram 39,2% da água captada não chegou às residências do país
Foto: Reprodução/FDR
Em meio à possibilidade de uma nova crise hídrica, enquanto enfrentamos a pandemia do coronavírus, o Brasil teve uma perda de água potável que seria suficiente para abastecer 63 milhões de pessoas durante um ano. A constatação está presente no estudo "Perdas de Água Potável 2021: Desafios para a disponibilidade hídrica e ao avanço da eficiência do saneamento básico", realizado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento (Asfamas) e com elaboração da consultoria GO Associados
Somente em 2019, ano de referencia dos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) utilizados no estudo, 39,2% da água captada não chegou às residências do país, o que representa um volume equivalente a 7,5 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçada diariamente ou sete vezes o volume do sistema Cantareira, o maior reservatório de São Paulo.
"A grande questão é a sustentabilidade. Água é um recurso finito e vai ter que se investir em redução de perdas porque, no futuro, não vai ter mais de onde tirar água. Órgãos licenciadores estão cada vez mais rígidos nas outorgas de captação. As mudanças climáticas estão exigindo isso e não tem mais como fugir", assegura Luana Siewert Pretto, diretora de relações institucionais e governamentais da Asfamas.
No fim de maio, o governo emitiu um alerta de emergência hídrica entre junho e setembro em cinco estados: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. A situação foi classificada como "severa" e a previsão é de pouco volume de chuvas. Foi o primeiro alerta em 111 anos de serviços meteorológicos. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a baixa precipitação põe em risco os reservatórios de água para abastecimento e geração de energia elétrica.
O órgão decidiu então reduzir a vazão de água nas barragens das hidrelétricas de Jupiá, entre as cidades de Andradina e Castilho (SP) e Três Lagoas (MS), e Porto Primavera, na divisa de Rosana (SP) e Batayporã (MS). Em nota, o ONS informou que "todas as medidas serão tomadas a partir de junho com o objetivo de garantir a devida governabilidade das cascatas hidráulicas, inclusive quanto à preservação do uso da água, ao longo do período seco de 2021".