Brasil terá que escolher um lado caso ONU decida abrir inquérito para apurar crimes da guerra entre Rússia e Ucrânia
Conselho de Direitos Humanos discute na quinta-feira (3) sobre a criação de comissão
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Foto: Marcos Corrêa/PR
Se o Brasil tentou manter o equilíbrio e não tomar lados na guerra entre a Rússia e a Ucrânia, será pressionado a escolher um lado caso a ONU (Organização das Nações Unidas) decidir abrir inquérito para apurar os crimes cometidos entre os países.
É o que afirma o colunista Jamil Chade, do UOL, que teve acesso ao texto do projeto de resolução que vai propor a criação de uma comissão internacional de inquérito. A expectativa é que o Conselho de Direitos Humanos da ONU avalie a proposta na quinta-feira (3).
Segundo o UOL, o texto foi elaborado pela diplomacia ucraniana e conta com apoio de países ocidentais. Negociadores de Kiev que conversaram com a coluna explicaram que "ainda precisam trabalhar" para conseguir o apoio do Brasil. Mas afirmam estar confiantes na aprovação do texto.
Caso a comissão seja criada, haverá uma pressão internacional ainda maior contra o governo russo, liderado pelo presidente Vladimir Putin. Mecanismos parecidos existem apenas para casos como a Síria, Coreia do Norte, Mianmar ou Venezuela.
Com o inquérito sendo aberto, o governo de Jair Bolsonaro, que vinha tentando se equilibrar entre uma postura de evitar críticas diretas a Putin e outra de manter sua tradicional linha de defesa do direito internacional, terá que tomar partido de um dos lados. Segundo o UOL, o Itamaraty já deixou claro que teme que sanções, envio de armas e um isolamento total de Moscou possa ampliar a guerra, e não a frear.