Brasileira presa por suspeita de tráfico de drogas na Alemanha diz que que ficou em cela sem janela e com fezes nas paredes
Kátyna Baía e Jeanne Paollini tiveram as etiquetas de malas trocadas por outras com drogas
Foto: Reprodução
Uma das brasileiras presas na Alemanha por suspeita de tráfico internaciona de drogas, a personal trainer Kátyna Baía, afirmou que, assim que foi presa em Frankfurt, no início de março, ficou em um cela sem janela e com fezes nas paredes. O relato foi contado em entrevista exclusiva ao Fantástico.
Ela e a esposa, a médica veterinária Jeanne Paollini, estão presas há mais de um mês num presídio feminino após ter etiquetas de malas trocadas por outras com drogas. A Polícia Federal disse que já provou que elas são inocentes.
“É uma cela em que as paredes têm escritas de fezes, tá? É uma cela fria, não tem janela”, contou Kátyna no programa que foi ao ar no domingo (9).
“Nós nunca convivemos nesse ambiente. No final de semana e feriado nós passamos cerca de dezesseis horas trancadas sem convívio social e o que me salvou aqui foi a fé. Dói muito ficar aqui todo dia. Eu acordo e penso: meu Deus, esse pesadelo ainda não acabou”, desabafou a veterinária.
A irmã de Jeanne, Thaianne Paolini contou, em entrevista ao repórter Honório Jacometto, da TV Anhanguera, que o contato das goianas com a família é mínimo e que duram em média oito minutos.
“Minha mãe que estava conversando com elas. Sempre muito rápido e as meninas, no início, elas muito, assim, chorando, né?”, disse a irmã de Jeanne.
Já a irmã de Kátyna, Lorena Baía, disse que a personal toma medicamentos de uso contínuo para tratar um aneurisma e que ela ficou sem nenhuma das medicações nos primeiros cinco dias. "Ela trata uma dor crônica, né? Então, assim, ela tem piorado muito a qualidade de vida, o estado de saúde dela e isso nos deixa bastante aflitos. Ela ficou os cinco primeiros dias da detenção sem receber quaisquer uma das medicações”, disse a irmã de Kátyna.
Entenda o caso
O casal planejou a viagem desde junho do ano passado, quando decidiu viajar 20 dias pela Europa, onde iriam passar pela Alemanha, Bélgica e República Tcheca. A prisão, no entanto, ocorreu em Frankfurt, a última conexão antes de desembarcarem em Berlim. A polícia apreendeu no bagageiro do avião duas malas com 20kg de cocaína cada, etiquetadas com os nomes de Jeanne e Kátyna.
“Eu caminhei algemada pelo aeroporto de Frankfurt, escoltada por vários policiais, sem saber o que estava acontecendo. Só depois de muito tempo que chegou uma intérprete que informou que nós estávamos sendo presas por tráfico de drogas. E assim que o policial apresentou as supostas malas, nós falamos de imediato que aquelas malas não eram nossas”, disse Jeanne.
As malas delas foram despachadas no aeroporto de Goiás, mas no meio do caminho, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, o maior do Brasil, as etiquetas foram trocadas por funcionários terceirizados que cuidavam das bagagens.
De acordo com a PF, nas escalas internacionais, o passageiro despacha a mala no aeroporto de origem e só pega de volta no destino final, ou seja, Jeanne e Kátyna nem viram a troca das bagagens e das etiquetas.
Na última terça-feira (4), a investigação identificou seis funcionários que trocavam as etiquetas das malas, de forma aleatória, para enviar cocaína para o exterior. Eles foram presos em São Paulo.