Butantan pesquisa possíveis marcadores na urina para diagnosticar autismo
Levantamento localizou alterações em proteínas e aminoácidos que podem ajudar também em acompanhamento do quadro
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Um levantamento feito pelo Instituto Butantan com 44 crianças de 3 a 10 anos apontou a possibilidade de ligação entre alterações em proteínas e aminoácidos presentes na urina e o diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
De acordo com os pesquisadores, os achados podem indicar potenciais biomarcadores tanto para a confirmação do quadro quanto para o acompanhamento de sua evolução.
Para o ensaio, o grupo comparou amostras de 22 crianças com o diagnóstico de autismo com as coletadas de 22 crianças neurotípicas. Os resultados mostraram alterações em proteínas e nos aminoácidos arginina, glicina, treonina, ácido aspártico, alanina, histidina e tirosina na urina das crianças com TEA.
“O autismo é um espectro de alta complexidade, influenciado por vários fatores. Da mesma forma, o seu acompanhamento deve ser multidisciplinar: terapias comportamentais, psicoterapia e nutrição, por exemplo, são práticas que visam melhorar e controlar o quadro”, explicou, em comunicado, Ivo Lebrun, pesquisador do Laboratório de Bioquímica e Biofísica do Butantan.
Os resultados podem ajudar futuras abordagens porque estudos prévios apontaram que, na fase de desenvolvimento dos receptores de neurotransmissores, ainda na formação do feto ou em recém-nascidos, o desequilíbrio dos aminoácidos pode levar o cérebro a se tornar mais vulnerável à superestimulação.
Outras pesquisas relacionam esse tipo de desregulação metabólica com a presença de comorbidades que podem afetar pessoas que vivem com autismo, como transtornos gastrointestinais que podem se manifestar com intolerância a derivados do leite e glúten. O trabalho foi publicado na revista científica Biomarkers Journal.