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Cães, gatos e elefantes sofrem dor do luto de maneira próxima à dos humanos, aponta pesquisas

No caso dos elefantes, o sofrimento dura pelo menos dois anos, até mais que um ser humano

Por Da Redação
Ás

Cães, gatos e elefantes sofrem dor do luto de maneira próxima à dos humanos, aponta pesquisas

Foto: Reprodução

Um estudo recém-publicado na revista Nature se deteve sobre o cérebro humano quando enfrentou a dor da morte de um ente querido, uma dura etapa em que, segundo se observou, a região conhecida como córtex cingulado, responsável por sentimentos regulares, se via em plena atividade, despertando impulsos de compaixão e empatia imersos em tristeza.

A constatação dos investigadores, de um grupo do Centro de Neurologia e Psiquiatria de Tóquio em parceria com a Universidade de Milão, apareceu após um monitoramento em tempo real do sistema nervoso, através de ressonância magnética. No entanto, a maior surpresa do experimento foi descobrir que a mesma proporção do encéfalo de outras espécies, como pássaros e roedores, ficava em ebulição ao se darem conta da morte de um semelhante com quem mantinham contato.

“Com base nessa descoberta, podemos afirmar com mais certeza que muitos outros animais sofrem com o luto”, explica o biólogo Fábio Hepp, da UFRJ, à revista Veja.

Segundo o primatologista, Tiago Falótico, para um animal reconhecer que um grande integrante do bando morreu, é preciso que ele consiga assimilar a consciência da própria existência. É isso que vai fazer ele diferenciar a vida da morte, no entanto, não são todos os animais que alcançam esse estágio.

“O luto ocorre apenas com espécies sociais, que vivem em comunidade e se aproximam mais geneticamente dos humanos, como caninos e felinos”, explicou. “Se dar conta da falta de um membro do grupo é uma adaptação evolutiva que surgiu para evitar que outros indivíduos morram”, diz o cientista.

Nenhum animal, porém, prolonga tanto a tristeza quanto os elefantes, que ficam em processo de luto por pelo menos dois anos, até mais do que os humanos. Uma razão essencial está no fato de esses mamíferos pesados ​​manterem o zelo sobre a prole por um tempo mais dilatado do que outras espécies, formando assim parentes mais firmes. 

Não raro, eles regressam ao local onde o corpo se encontra e tocam com a tromba até que só resta o esqueleto, metabolizando a perda aos poucos. Um estudo realizado por biólogos americanos na Quênia, na África, revelou que os elefantes apresentaram inclusive aumento da atividade de uma glândula sudorípara localizada entre a orelha e o olho, uma reação ao sofrimento. 

No caso de animais domésticos, como cachorros, a capacidade de se colocar no lugar do semelhante é talhada pelos laços da convivência, estendendo-se aí ao próprio dono, um humano, com quem os caninos mantinham um elo desde os primórdios. 

Um estudo recente da universidade de Pádua reforça a ideia de que o pesar frente à morte não é para qualquer bicho — cães selvagens não costumam penar quando um colega de matilha se vai, ao passo que aqueles criados no ambiente de casas e apartamentos italianos chegam a apresentar sintomas de depressão, freando as brincadeiras e dando as costas à comida. O semblante triste é a manifestação visível de um incômodo que lateja por uns seis meses. 

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