Caixa empresta 90% da verba habitação em 2024
Banco privilegia imóveis de menor valor e tem sido mais rigoroso na concessão de crédito
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Com a escassez dos recursos da caderneta de poupança, a Caixa Econômica Federal está apresentando as condições para novos empréstimos habitacionais para a classe média. A cota de financiamento teve um reajuste onde foi reduzido menos 10%, ou seja, de 80% para 70%, o que exige dos mutuários um valor maior de entrada, de 30%.
A taxa média das operações beira a 10% ao ano. O banco está mirando imóveis de menor valor e tem sido ainda mais rigoroso na análise de risco para conceder o crédito. Com esse recurso da poupança está incluso no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE), que financia imóveis de até R$ 1,5 milhão, com juros limitados a 12% ao ano.
A Caixa praticamente gastou meta de contratações de R$ 70 bilhões para 2024. Até setembro, foram desembolsados R$ 63,5 bilhões, segundo dados do banco. Sendo assim, em nove meses, o banco emprestou o equivalente a 90% de tudo que tinha disponível.
No crédito imobiliário e alcança cerca de 70% desse mercado, está administrando os contratos para não suspender as operações. Nas agências, porém, há relatos de contratos cujo financiamento não foi liberado.
Atualmente, o Conselho Monetário Nacional (CMN) alterou as regras das Letras de Crédito Imobiliário (LCI), fonte alternativa de recursos, para tornar os papéis mais atrativos, mas ainda assim, a mudança não foi suficiente, segundo Inês.
O problema da falta de recursos para o setor imobiliário só não está mais instável devido o FGTS que destinou R$ 120 bilhões para empréstimos no Minha Casa Minha Vida, somando a suplementação de quase R$ 23 bilhões para evitar falta de recursos no último trimestre do ano.
Porém, o programa tem apenas cerca de R$ 350 mil para a compra de imóvel, além do registro da família com renda de até 8 mil reais. Já o presidente Lula prometeu ampliar o programa às famílias de classe média, com renda de até R$ 12 mil, mas a medida não saiu do papel.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Renato Correia, disse que a Caixa reduziu o ritmo dos financiamentos e elevou o custo do crédito imobiliário.
Em nota, a Caixa declarou que busca alternativas para atender à demanda: "Informamos que a Caixa estuda constantemente medidas que visam ampliar o atendimento da demanda excedente de financiamentos habitacionais, inclusive participando de discussões junto ao mercado e governo, visando buscar novas soluções que permitam expansão do crédito imobiliário no país, não somente pela Caixa, mas também pelos demais agentes do mercado".