Candidatos a prefeitos de capitais aumentam bens milionários entre 2016 e 2020; outros registram perdas
Vanderlan Cardoso (PSD), candidato em Goiânia perdeu quase R$ 12 milhões
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Pelo menos 16 candidatos a prefeito de capitais tiveram ganhos milionários desde as eleições passadas e aumentaram o patrimônio declarado nas eleições deste ano. O levantamento foi realizado pelo G1, com dados do repositório do Tribunal Superior Eleitoral.
Outros 10, pelo contrário, perderam pelo menos R$ 1 milhão de uma eleição para outra. Até o momento, a maior queda foi registrada pelo candidato a prefeito de Goiânia Vanderlan Cardoso (PSD), que perdeu quase R$ 12 milhões desde 2018. O patrimônio declarado passou de R$ 26,6 milhões em 2018 (quando foi eleito senador) para R$ 14,7 milhões em 2020.
Por meio de nota, a assessoria de Vanderlan informou que não houve erra na declaração de bens, mas a perda de patrimônio ocorreu depois que a esposa do candidato, Izaura Cardoso, passou a comandar as empresas.
"A queda de patrimônio se deu em razão de sua esposa, Izaura Cardoso, ter assumido o comando das empresas. Com isso, foram realizadas transferência de cotas das empresas Nova Terra Comércio de Alimentos Ltda e VVC Empreendimentos”,
Já entre os que aumentaram o patrimônio e bens, o ranking é liderado pelo Dr. João Guilherme (Novo), candidato a prefeito de Curitiba. Em 2016, ao disputar o cargo de vice-prefeito, ele havia declarado R$ 3,5 milhões. Neste ano, os bens somam R$ 13,2 milhões. Ou seja, mais de R$ 9 milhões em quatro anos.
Ao explicar o motivo do aumento em quase R$ 10 milhões, por meio de nota, o candidato afirmou que a evolução é fruto da remuneração como médico e aplicações financeiras. "Além disso, o médico é proprietário de um hospital e outras empresas, que tiveram bom resultado neste período. João Guilherme declarou a integralidade e verdadeiro valor dos bens, assim como todos os candidatos deveriam fazer”, disse a nota.
Em segundo lugar aparece Hildon Chaves (PSDB), candidato a prefeito de Porto Velho. Em 2016, registrou seu patrimônio em R$ 11,3 milhões. Já neste ano, saltou para R$ 20,3 milhões. “A evolução patrimonial se deve aos dividendos oriundos do Grupo Athenas Educacional, que foi vendido em 2020 e amplamente divulgado na imprensa”, diz a nota do prefeito.
Ao G1, o professor e advogado em direito eleitoral, Renato Ribeiro de Almeida, disse que os candidatos precisam informar todo o patrimônio ao se tornar um candidato e que o descumprimento dessa regra pode gerar punição.
"Faltar com a verdade na declaração de bens pode ser caracterizado como fraude e até um crime eleitoral. E, caso a Justiça Eleitoral constate essa divergência, sem correção até o julgamento, o registro deverá ser indeferido. Na prática, contudo, não há grande rigor com a declaração", explicou.
Erros de digitação
Também foi registrado casos em que o candidato à prefeito ou vereador errou ao declarar em números seu patrimônio e bens e viraram bilionários. Pelo menos 14 candidatos declararam a renda de bens em mais de R$ 1 bilhão e nove entraram para a lista de candidatos mais ricos no Brasil.