Cartas escritas por indígenas em tupi antigo são traduzidas para o portugues por pesquisador brasileiro
Textos trazem informações sobre negociações para uma eventual rendição
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O pesquisador Eduardo Navarro, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), traduziu para o português os únicos documentos do período colonial escritos por indígenas em tupi antigo. Os textos foram descobertos por pesquisadores brasileiros na Real Biblioteca de Haia, na Holanda, há mais de um século. No total, são seis cartas trocadas entre potiguaras que lutaram em lados opostos na Insurreição Pernambucana (1645-1654). A informação é do Estadão.
Os documentos trazem informações sobre negociações para uma eventual rendição, além de outros detalhes da disputa entre portugueses católicos e holandeses calvinistas pelo monopólio do comércio de açúcar no Nordeste. Para traduzir os textos, Eduardo Navarro, que é especialista em literatura do Brasil colonial, precisou organizar um dicionário de tupi antigo, que não existia, para decifrar os textos. As cartas faziam parte do arquivo da Companhia das Índias Ocidentais. A organização de mercadores holandeses foi responsável pela invasão de Pernambuco em 1630.
A história por trás das cartas remonta a 1625. Foi quando mercadores holandeses tentaram invadir Salvador, então capital da colônia portuguesa. Foram rapidamente derrotados. Na volta, um grupo de indígenas potiguaras foi levado pelos holandeses ao país europeu. Entre eles, estavam dois jovens caciques, Pedro Poti e Antonio Paraopeba. De acordo com Navarro, um aspecto importante das cartas é que, por terem sido escritas pelos indígenas, é possível constatar como o tupi era efetivamente falado pelos potiguaras. E elas comprovam que a língua foi descrita corretamente pelos jesuítas, que a utilizavam na catequese, e não adaptada a seus interesses como muitos chegaram a suspeitar.