Caruru da saudosa Cira do Acarajé reúne devotos e amigos em Itapuã!
Aos detalhes...
Foto: Maria Marques
O tradicional Caruru de Cira do Acarajé, realizado na última segunda-feira (23) em Itapuã, mais uma vez reuniu devotos, amigos e clientes, mantendo viva uma tradição de 85 anos. Organizado por seus herdeiros, Juçara e Cristina Santos, juntamente com seus três irmãos e a ex-nora Ana Paula Cruz, o evento distribuiu mais de mil quentinhas em homenagem a São Cosme e Damião. A antiga residência de Cira foi o palco da celebração, perpetuando o espírito de acolhimento e generosidade que sempre marcou a trajetória da famosa quituteira que faleceu em 2020.
Iniciada em 1939 pela avó de Cira, Odete Brás de Jesus, essa tradição familiar tornou-se um dos eventos mais esperados de Itapuã, atraindo não só a comunidade local, mas também visitantes que vêm para participar desse importante marco de fé e devoção. Neste ano, uma longa fila de pessoas se formou na Rua do Tamarineiro até a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, todos ansiosos para degustar o caruru, símbolo da rica cultura baiana.
A celebração seguiu os preceitos da tradição, começando com o banquete servido primeiramente às crianças, um gesto em honra a São Cosme e Damião. Sete crianças abriram a cerimônia saboreando pratos típicos, como acarajé e vatapá, enquanto cantigas religiosas ecoavam pela casa, refletindo a continuidade dessa rica tradição. O caruru deste ano teve um toque especial, marcando o segundo evento desde o falecimento de Cira em 2020. Sob o comando de Ana Paula, responsável pela preparação dos quitutes, a celebração envolveu grande dedicação e organização, com a preparação começando uma semana antes. Com um custo de R$ 30 mil, foram utilizados mais de 2 mil quiabos e 240 kg de galinha, entre outros ingredientes, mostrando o comprometimento da família em manter o legado vivo.
Cristina de Jesus, filha primogênita de Cira, expressou seu orgulho em continuar a tradição familiar. O Caruru de Cira já é visto como um patrimônio imaterial de Itapuã, reforçando a identidade cultural da Bahia e a devoção aos santos gêmeos. Mais do que uma festa, a celebração é um testemunho da força e resistência das tradições familiares e religiosas que moldam a história de Salvador.