Caso Henry: Polícia investiga se Monique e Jairinho demoraram 39 minutos para socorrer menino
Última imagem do menino foi feita às 4h09 no elevador do prédio

Foto: Reprodução
A Polícia Civil informou nesta segunda-feira (12), que está investigando se o menino Henry Borel demorou 39 minutos para ser socorrido pela mãe, Monique Medeiros, e pelo padrasto, o vereador Dr. Jairinho (sem partido). A última imagem do menino, de 4 anos, foi feita às 4h09 do dia 8 de março, no elevador do prédio, a caminho do hospital. Nela, segundo o laudo da perícia, o garoto já está morto.
A mãe da criança disse, em depoimento na delegacia da Barra da Tijuca, que acordou no quarto de hóspedes, por volta de 3h30, quando viu a TV ligada e Jairinho dormindo ao seu lado. Em seguida, Monique Medeiros afirmou que foi até o quarto do casal e encontrou o filho caído no chão. Ainda durante o depoimento, ela disse que Henry teria sido embrulhado e levado às pressas para o hospital.
Mas, de acordo com as imagens do elevador, entre o momento em que ela acordou e a saída do apartamento, passaram-se 39 minutos. A foto está em um laudo da Polícia Civil que faz parte do inquérito. De acordo com a polícia, essa situação prova que o menino foi assassinado dentro do imóvel.
Agressões
Uma conversa entre a mãe da criança e a babá Thayná de Oliveira Ferreira descrevia em tempo real, segundo a polícvia, uma suposta sessão de tortura praticada por Dr. Jairinho. “Então, [Henry] me contou que [Jairinho] deu uma banda [uma rasteira] e chutou ele, que toda vez faz isso”, disse a babá, na tarde de 12 de fevereiro. “Falou que não pode contar, que tem que obedecer ele, senão vai pegar ele”, completou Thayná.
A babá relatou ainda a Monique que Henry estava mancando e que ele reclamou de dores na cabeça. Ela também sugeriu à mãe dele um "plano de fuga" para evitar episódios como aquele. No dia seguinte à troca de mensagens, Monique levou Henry a um hospital em Bangu e alegou aos médicos que o filho tinha caído da cama.
O trecho destacado pela polícia vai das 16h30 às 18h03 de 12 de fevereiro. Nas primeiras mensagens, Henry está trancado com o padrasto na suíte do casal. Às 16h33, Thayná relata que Jairinho abriu a porta do quarto, e Henry vai para o colo dela. Monique tenta detalhes, mas Thayná avisa que Jairinho rondava pela sala, "prestando atenção" no que estavam fazendo. Às 17h, o vereador liga para a namorada, dizendo que tinha acabado de chegar em casa. Às 17h03, Jairinho sai de casa, e Henry finalmente relata o ocorrido meia hora antes.
Thayná sugere à patroa uma "rota de fuga" para evitar novas agressões. “Combinei com ele agora: toda vez que Jairinho chegar e você [Monique] não tiver, eu vou chamar ele para a brinquedoteca, e ele vai aceitar ir”, escreveu a babá. “Porque estou aqui para proteger ele. Aí eu disse: ‘Se você confia na tia, me dá um abração. Aí ele me deu.”
O laudo da reconstituição da morte de Henry Borel, exibido com exclusividade pelo Fantástico no último domingo (11), descartou “a possibilidade de um acidente doméstico (queda)”, a exemplo do que já tinha apontado a necropsia do corpo do garoto. Os peritos afirmaram que as 23 lesões encontradas em Henry “apresentavam características condizentes com aquelas produzidas mediante ação violenta (homicídio)”. Entre essas lesões, estão, por exemplo, a laceração no fígado, danos nos rins e a hemorragia na cabeça.
A reprodução simulada do dia da morte do menino foi feita no dia 1º de abril. Os policiais civis e peritos testaram todas as possibilidades de queda no quarto, como sustentaram o vereador carioca Dr. Jairinho (sem partido) e a professora Monique Medeiros, padrasto e mãe de Henry, em depoimento à polícia. “Não há a menor hipótese de ele ter caído, quer seja da cama, quer seja da poltrona, quer de uma estante, que tem 1,20 metro de altura”, afirmou Denise Gonçalves Rivera, perita criminal da Polícia Civil do RJ. “Fizeram todas as medições e viram que, em nenhuma dessas circunstâncias, ele teria essas lesões que a necropsia apresentou”, completou. Ainda segundo o laudo da reprodução, há lesões de baixa e de alta energia, provenientes de ações violentas entre 23h30 e 3h30.