Celso Amorim critica interferência externa nos resultados das eleições da Venezuela
Ex-chanceler defendeu que imbróglio sobre o resultado seja resolvido a partir do diálogo entre países latino-americanos
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
O ex-ministro de Relações Exteriores e assessor especial da presidência, Celso Amorim, disse que o imbróglio sobre o resultado das eleições seja resolvido a partir do diálogo entre países latino-americanos. O chanceler esteve na Venezuela para acompanhar o pleito que reelegeu Nicolás Maduro no último domingo (28).
“[O governo brasileiro] tem tido uma visão muito parecida com a do México e a da Colômbia, que são países diretamente interessados em resolver pacificamente essa situação”, disse em entrevista à CNN.
“Acho que as interferências extrarregionais, quando eu digo extrarregionais eu incluo o hemisfério, acho que isso é uma coisa latino-americana, que os latino-americanos têm que resolver”, acrescentou.
Até o momento, o Brasil não reconheceu a vitória de Maduro, anunciada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano. O governo brasileiro pede a divulgação das atas de votação antes de qualquer posicionamento oficial.
Já o governo dos Estados Unidos declarou que o candidato da oposição, Edmundo González, teria superado o atual presidente no número de votos e vencido o pleito.
“Acho difícil que o Brasil vá seguir o caminho dos Estados Unidos [de reconhecer vitória de Edmundo]. Acho que um estudo mais próximo, não sei exatamente como, o nosso chanceler Mauro Vieira também está muito ativo nessas conversas. Eu acho que essas conversas podem nos indicar o caminho certo para encontrar a solução”, analisou o ex-chanceler brasileiro.
Além disso, Amorim criticou as sanções impostos pelos EUA à Venezuela. Ele classificou a ação como um “um erro norte-americano”.
“Para nós, a retirada das sanções teria facilitado muito o transcurso da eleição, assim como a presença da União Europeia — que o presidente Maduro rejeitou, mas rejeitou justamente porque a União Europeia queria participar da apuração, acompanhar a eleição, mas mantendo as sanções”, disse.
“Essa política de sanções é uma política muito errada, que nós condenamos em todos os termos. Isso não é justo, quem mais sofre com isso é o povo venezuelano, não é o Maduro nem os auxiliares.”