Cepal: Classe média da América Latina se vê em risco diante da crise provocada pela Covid-19
Relatório projeta um aumento do desemprego de 3,4 pontos para este ano na região
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Um relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) projetou um aumento do desemprego de 3,4 pontos para este ano na região, o que representa, na vida real, a perda de 11,5 milhões de postos de trabalho. Este é um dos indicadores que permite visualizar a crise provocada pela Covid-19 na classe média latino-americana.
A situação social é crítica no Chile, como em todos os países latino-americanos. O presidente Sebastián Piñera convocou um grande acordo nacional e dirigentes da oposição, como o ex-chanceler Heraldo Muñoz, destacaram a necessidade de pensar na classe média e não apenas nos setores mais humildes.
Já na Argentina, a crise da classe média é percebida, por exemplo, no mercado imobiliário. De acordo com a Federação Nacional de Inquilinos, em maio 59% dos inquilinos não conseguiram pagar os aluguéis. No mês anterior, o percentual tinha sido de 42%. René Jimenez tem uma imobiliária no bairro de Palermo e todos os dias deve lidar com conflitos entre proprietários e inquilinos.
No Peru, onde a classe média depende, em grande medida, do mercado informal de trabalho, a tragédia social é grande. Estima-se que sete de cada dez peruanos vivem na informalidade essas pessoas, apontou o analista Luis Davelouis, “passaram a viver na pobreza ou pobreza extrema”.
Simone Cecchini, diretor da Divisão de Desenvolvimento social da Cepal, afirmou que esse é justamente o calcanhar de Aquiles da classe média latino-americana: sua vulnerabilidade. sustentou Ele destacou que muitos latino-americanos vivem um pouco acima da linha da pobreza e com a crise foram rebaixados em tempo recorde.
“Temos uma classe média muito endividada, sem proteção social nem renda garantida. Os 28,7 milhões de novos pobres que teremos este são estas pessoas, ex-classe média precária”, disse Cecchini.
De acordo com o economista da Cepal todos os dados divulgados até agora são preliminares e que podem vir a ser piores se a crise se prolongar.