Cerca de 25% do Fundo Eleitoral foi para dirigentes partidários, aponta levantamento

A criação do fundo eleitoral e a instituição dele como principal fonte de recursos para campanhas políticas aumentaram a força dos dirigentes partidários. Isso porque são eles que definem para onde vai cada centavo investido em candidaturas nas eleições municipais de 2020.

O resultado é que pelo menos 25% dos valores declarados ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) oriundos do fundo eleitoral foram para dirigentes partidários. O levantamento é do site Metrópoles, com base nas informações do repositório de dados eleitorais.

O TSE lista mais de 100 cargos diferentes que uma pessoa pode ocupar dentro de um órgão partidário municipal ou estadual. Os que mais receberam recursos do fundo eleitoral para suas campanhas foram os presidentes, com R$ 22,8 milhões.

O professor de Ciência Política na UnB (Universidade de Brasília) David Fleischer explica que a distribuição é tradicionalmente desigual. “Os mais notáveis pegam mais e os outros ficam com umas migalhas”, avalia. Para forçar uma maior democratização no acesso aos recursos, o TSE definiu cotas para negros e mulheres.

“Eu não sei se essa distribuição está sendo vigiada pela Justiça Eleitoral. São muitos municípios, e é muito difícil para a Justiça Eleitoral vigiar e verificar isso em tantos municípios. Eles vão vigiar um pouco as cidades maiores, as que têm segundo turno, e o resto é praticamente impossível vigiar, a não ser que se tenha reclamação formal”, afirmou.