Cerca de 50% das solicitações de medida protetiva ficam sem resposta no prazo limite na Bahia
Os estados do Ceará e Minas Gerais também respondem depois das 48 horas
Foto: Agência Brasil
Uma pesquisa aponta 30% dos pedidos de medida protetivas de urgência para meninas e mulheres em situação de violência doméstica são concedidas após o prazo de 45 horas, previsto na Lei Maria da Penha. Nos Tribunais de Justiça da Bahia, Ceará e Minas Gerais, por exemplo, onde cerca de 50% das solicitações ficam sem respostas até o prazo limite.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) e o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) têm média superior a 45%. Os dados são do levantamento da Análise do Painel Nacional de Medidas Protetivas de Urgência, uma articulação entre Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Instituto Avon e o Consórcio Lei Maria da Penha.
Entre janeiro de 2020 e maio de 2022, o Brasil registrou 572.159 medidas protetivas de urgência para meninas e mulheres em situação de violência doméstica na Base Nacional de Dados do Poder Judiciário.
O projeto avalia a qualidade dos registros na Base Nacional de Dados do Poder Judiciário (Datajud) e propõe para que seja possível a produção de informações acessíveis e de qualidade para a fiscalização e a avaliação da implementação da Lei Maria da Penha.
"O Judiciário brasileiro tem o dever de acompanhar a aplicação dessa ferramenta de defesa, mas há uma ausência sistêmica de produção e atualização de dados. Sem informações, não há como avaliar a eficiência de intervenções e políticas públicas. Agora, com a criação de um levantamento e base de monitoramento, será possível ampliar a efetividade da regulamentação, buscando alternativas de melhorias e apoio para as brasileiras de maneira mais consistente e eficiente", explica a diretora executiva do Instituto Avon, Daniela Grelin.
Perfil
A pesquisa mostra também que 29% das vítimas possuem entre 30 e 39 anos; 28%, entre 20 e 29 anos; 20%, entre 40 e 49 anos; 15%, com 50 anos ou mais; e 8% até 19 anos. Em relação às pessoas que devem cumprir as medidas protetivas, 84,4% são para agressores do sexo masculino; 10,3% são desconhecidos -- não houve o preenchimento da informação em sistema -; e 5,3% são agressoras do sexo feminino.
Além disso, 33% possuem entre 30 e 39 anos; 26%, entre 20 e 29 anos; 24%, entre 40 e 49 anos; 16%, com 50 anos ou mais; e 2% até 19 anos.
Dos 572.159 processos sobre medidas protetivas no entre janeiro de 2020 e maio de 2022, 89.734 (15,7%) foram no Rio de Janeiro, 89.404 (15,6%) no Paraná e 78.942 (13,8%) em MG. Mas, quando os processos são avaliados em relação à população feminina, nota-se que os maiores são no Distrito Federal, com 2.243 processos a cada 100 mil mulheres residentes; seguido pelo Mato Grosso do Sul, com 1.793 e Paraná, com 1.522.