Cerca de R$ 5,8 milhões do fundo eleitoral são repassados a candidatos 'fantasmas'
Postulantes sem campanha e com candidatura rejeitada receberam acima de outros com destaque
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Os partidos políticos repassaram ao menos R$ 5,8 milhões do fundo eleitoral para candidatos “fantasmas”, que, a 12 dias do primeiro turno das eleições, não fizeram nenhuma ou praticamente nenhuma campanha. O dinheiro público também foi pago a empresas que não entregaram os serviços ou bancou despesas de outros postulantes. O levantamento foi feito pelo Estadão.
No Amazonas, a deputada federal Adriana Mendonça (PROS) foi quem mais recebeu verba de seu partido, chegando a R$ 3 milhões. Em 2018, ela recebeu 41 votos e teve ainda as contas rejeitadas por ocultar gastos da Justiça Eleitoral. Hoje, ela é a 14ª postulante que mais recebeu recurso do fundão.
Adriana contratou uma empresa de marketing por R$ 750 mil, mas sua movimentação nas redes sociais se resume a 33 posts, com montagens, publicados há duas semanas. Ela foi ainda a única que buscou a Digital Comunicação Ltda no país para os serviços.
Atualmente, a candidatura de Adriana está indeferida, porque o registro foi feito fora do prazo e as contas de 2018 foram rejeitadas por ocultação de gastos. Ela recorreu e segue no pleito.
O valor exorbitante, no entanto, chamou a atenção de outros candidatos do PROS no Amazonas, que acionaram o Ministério Público.
Em Rondônia, o PP entregou R$ 2,2 milhões para uma candidata que também contratou uma empresa de marketing, mas não fez qualquer propaganda nas redes sociais. Ao ser questionada sobre como recebeu tanto recurso, mesmo estando na primeira eleição, Marlucia Oliveira justificou: “sou a queridinha do partido”.
O presidente estadual do PROS, Edward Malta, admitiu ao Estadão que o dinheiro repassado a Adriana é para custear a campanha do ex-marido dela ao governo, mas essa movimentação precisaria ser oficializada, o que não aconteceu.
“O recurso vai ser usado na campanha do governador, do vice, de todos os candidatos”, disse Malta. Sobre a contratação da Digital Comunicação, afirmou: “A empresa quem contratou foi a deputada, eu não posso te falar agora”.