China chama tarifas de Trump de ‘hipócritas’ e ameaça retaliar: ‘Não temos medo de brigar’
Pequim reagiu às tarifas de 100% impostas pelos EUA sobre produtos chineses; tensão entre os dois países volta a preocupar mercados globais.

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A China classificou como “hipócritas” as tarifas de 100% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses e ameaçou retaliar as medidas anunciadas pelo presidente Donald Trump. A resposta foi dada neste domingo (12) pelo Ministério do Comércio chinês.
Na sexta-feira (10), Trump havia anunciado o aumento das tarifas após criticar a decisão de Pequim de restringir a exportação de elementos ligados às terras raras, minerais essenciais para a produção de chips, baterias e equipamentos eletrônicos. As novas taxas passam a valer a partir de 1º de novembro.
“Ameaçar impor tarifas altas a qualquer momento não é a forma correta de lidar com a China. Nossa posição sobre guerras tarifárias é consistente: não queremos brigar, mas não temos medo de brigar”, afirmou o ministério em nota oficial.
O governo chinês acusou Washington de agir unilateralmente e disse que adotará “medidas correspondentes” para proteger seus interesses. Segundo Pequim, os controles sobre as exportações são uma resposta às “ações hostis” dos EUA desde a última rodada de negociações comerciais entre os países.
As tensões voltaram a abalarem os mercados globais, com queda nas ações de grandes empresas de tecnologia e incertezas sobre a cúpula prevista entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping, que deveria ocorrer durante a reunião da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), na Coreia do Sul.
“Agora não há motivo algum para que a reunião ocorra”, disse Trump, ao ser questionado sobre o encontro.
O que está em jogo
As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos usados na fabricação de produtos de alta tecnologia, como celulares, chips e veículos elétricos. A China responde por mais de 90% da produção mundial desses materiais.
Na quinta-feira (9), Pequim ampliou o controle de exportações e adicionou cinco novos elementos à lista de restrição, exigindo que empresas estrangeiras que usem matérias-primas chinesas cumpram as regras locais.
A decisão levou Washington a acusar o governo chinês de “tentar manipular o mercado global”, reacendendo o temor de uma nova guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo conflito que já havia sido suspenso após longas negociações no início do ano.